Ponho-me ao poente,
pelo frio dizia a porta:
"me deixe entreaberta, o olho meio opaco."
Feri meu linho, feri meu dorso.
A porta de minha cabeça tonteia,
as janelas estalam o frio de fora,
e a chuva, vulcânica,
chora aos cântaros.
Depois do crepúsculo:
a funda funda noite
parto ao horizonte escuro
do norte ao fim
corro esporro de lado ao lado que passa
porta janela
do sol
que já
se foi
O poema se estica de tal maneira!
Como corpo elástico
o braço se estende se ergue
o sol já findo
e a boca da noite
ainda nascente
Pelo rubor das flores, vai finda
minha risonha lua minguante.
29/05/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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