PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 28 de janeiro de 2012

O MUNDO E O CHÃO

Estranha passagem esta
que sobe às narinas,
subterfúgio do odor quando lembra
que um dia cheirou a olor,
nunca antevisto ou compreendido,
miasma, prurido, gangrena.

Eu decidi mortal ser asas,
das ancas às asas do dia,
pois gritei num franco zunido,
já que a patuleia era o grito
do desvalido.

Entrei numa Europa fria, claudicante.
Uma Grécia sem rosto, depauperada.
Entrevistei a economia real,
ela estava rarefeita
como o silêncio da queda,
uma Europa humilhada, torta.
Pensei que era a farra da Alemanha,
mas não, era o caos em Madri.

Voltei, com a ideia às avessas,
premeditei um crime sem bandeira,
uma pátria sem governo,
Somália dos piratas em surto,
vergalhões do mundo com muros,
devaneio, profecia, karma,
nada daria conta do problema,
estavam todos cegos.

A vida se elencava nestes acordes,
uma delícia encontrada nos trópicos,
o calor do carnaval para espasmos alegres,
uma melodia, uma orgia, uma lembrança,
era a manchete do dia vindouro
esgarçando as tarefas inúteis,
os serviços inúteis,
e uma fome monumental
tomando os poros,
o choro terrível da fome deserta,
a sede infinita que desespera
o poeta num fundo musical,
eram as trevas se anunciando
novamente no céu sem sol.

Olhei em volta, era tudo cinza
como na revolução das indústrias,
a crise da natureza
remexia nos ares
de um miasma do medo,
o odor do mundo tinha mudado,
estávamos na carne pútrida
dos enganos,
viveríamos sem rumo
na idolatria do caos,
sem rumo e sem ideias.

28/01/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)

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