Aqui vai um pouco da poesia báquica dos fins dos tempos:
Toda ação compõe o verso em seu termo delirante,
Eu peço ajuda às musas, pois o sol do meu ventre
Nasce, as circunvoluções das almas
Destróem as sombras do abrigo lunar,
Um deserto cobre o silêncio,
Só se ouve – agora – o vento, a vida, o mar.
Bem longe está o calor.
Eu quero toda nudez báquica,
Toda febre báquica.
É o sinal da tempestade.
Faço um tornado, faço as peças de comédia.
O dia está lindo para regurgitar filosofia.
A quântica subverte, Baco dança, o terremoto.
Ali um lago seca, aqui um mar invade.
Ali um rio seca, aqui um mar enche.
O deserto é o que vive em mim, no entanto.
Dane-se! Um pouco de dança. Dane-se!
Eu sou um brutal, sou uma peste.
Eu sou a doença, não há mais visões.
Falam assim: É louco, terrível febre.
Eu escapei do tédio, minhas feras.
Danço! Corro! A febre é toda munição.
Caem friezas sobre o corpo. Detestável hospício.
Eu sou corpo, não há direção, eu sou o que dança.
Faça-se a honradez, caros imbecis.
Hei de ser podre, hei de ser báquico.
Todo o Eterno: A vinícola.
Todo o Brutal: Tragédia. Teatro. Umbanda. Candomblé.
Há outra solução: Comédia. (Sobretudo a farsa).
Danço! Corro! A sina do poeta: Ator da palavra.
É – então tudo – que nada me resta.
Eu dou a montanha destronada do território tomado.
O sol brilha até exaurir-se.
A noite vem de lua, vem de lua.
Prazer, um pouco de vinho.
Sátiros na noite dançam.
Bestas, demônios ferozes.
Dancem! Dancem!
Ventos e prazeres.
Há uma loucura sempre báquica.
Há uma terra sempre báquica.
O que ferve: Natureza destroçada.
Eu fui catador de destroços.
Hoje não existe trabalho digno.
Somente o que é sublime e niilista:
Vagabundagem, digna arte de coçar.
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