Rosas caem sobre as vestes do homem velho.
A lua conversa com as estrelas
numa canção da noite nua.
Eu vi nas malhas da lembrança
o delírio ventando nas naus e nas barricadas.
Como se fossem pássaros ou mísseis
desciam os degredados à terra formosa
chamada destino.
Degredados de poucas roupas e baixos salários,
homens valentes em canoas e montados em jumentos,
homens fortes como o aço.
Deram a eles trabalhos forçados
num vil propósito de edificar qualquer palácio.
E de noite entregam-se à beberagem.
Ó sabor inescrutável da delícia da preguiça!
Serão estes braços infinitos da ronda
os que veneram a vida atribulada?
Pois todos, sem exceção, passarão por tribulações.
Pois deste caldo é de que é feita a vida.
Não serão estes homens servis
a máquina dolorosa da sociedade?
Rosas são as miríades da terna companhia
de uma mulher inteligente,
o homem velho já fez a sua tribulação,
já passou pelos vários dias felizes
e por todas as desditas possíveis.
E os degredados serão como ele,
no fim da existência
que tem a paga de uma vida confortável.
Também serão eles homens felizes
como o velho que caminha para a sua morte
num túmulo coberto por rosas rubras
de um homem que se recusou
a viver na penumbra.
21/03/2009 Gustavo Bastos
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