Descia os seus degraus, o pé direito enorme,
uma balaustrada rococó, mármores e basaltos
anacrônicos, servos enfileirados, e uma peste
que grassava nas hostes febris, as mortes
com os corpos azuis, com o frio que gelava
a alma, pois era todo este canto tétrico
de uma poesia gótica, e o enfermo,
cujo codinome já fora "poeta maldito",
navegava naquele ópio kármico,
os pulmões com água, o sopro
no coração baleado, um arfar
de velho que trota e cai,
e aquelas visões de paraísos
artificiais, no canto do cisne,
ao poeta que carregava
um candelabro de velas
acesas, atravessando
o átrio, a grande sala,
e se jogando na correnteza
do rio, morrendo sua morte
suicida, como uma Safo
de seu penhasco.
18/07/2024 Gustavo Bastos - Monster
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