Vigia ao fim da estrada,
onde o deserto seca a pele,
e a sede quer o mundo da água,
a mais líquida de rio,
de lagoa, de um mundo terrível
de chuva, de tempestade.
Sim, bateu o casco no fundo,
na ponta da pedra,
na hora do musgo,
na ilha dos peixes,
na ira do murro,
em que o capitão deu
um tiro na cabeça.
O marujo bebeu rum
e caiu de cima do convés,
o todo deste mundo de
vinho e viração, no estalido,
virou um tombo barulhento,
em que a caravana morria,
quando foram retiradas
as carrancas das proas,
neste cenário do mar.
Em canto radical,
agitado, intempestivo,
violento neste painel
da morte e da vida,
veloz como o sonho,
terrível neste marulho
que atordoa, se joga
o último idiota.
Na plenitude de sol
que seca e queima
a pele, morre de
insolação o viajante,
já na areia.
Este homem doente caiu,
com os ossos ressequidos,
as vértebras estouradas,
o coração rijo, os membros
espatifados, e um poema
louco nasceu de sua espada,
e outro poema de seu escudo.
De sua carcaça, ao fim,
já no crepúsculo da praia,
surgiu este livro de sol e mar,
testemunha ocular
destas histórias.
10/04/2024 Gustavo Bastos
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