Pernoita em hotel barato, em cidade dormitório,
o pacato dia de poesia, num nada, no meio
das casas entre porra nenhuma, na discrição
absoluta, absorta, de uma capacidade meditativa
solta, diante de um rio vasto, imenso, caudaloso.
Ele, o monge, que pescava sua própria alma,
dela não se teve nem mesmo a seiva,
mistério profundo, de si, de seu esqueleto,
um chão tão riscado, com pontas de giz,
já dizia muitas coisas de sua jornada,
de um resto todo que eu nunca saberei,
o meu elã eterno, afã, anelo, desejo
bruto do absoluto, da causa final
de uma síntese universal,
esboroada, detonada,
na impermanência
dos atos e pensamentos.
21/02/2024 Gustavo Bastos
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