PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

O MAR DE MÁRMARA

Quando eu bebia o mar, me embriagava 

das tempestades de Netuno, das ondas

de Tritão, do sol vívido Inca, metafísico,

da unio mystica, de satoris búdicos,

na levitação dos sonhos de festivais.


Penso na amplidão, no horizonte,

em que descanso os meus ossos,

meus músculos, minhas costas,

e me previno do ataque,

com o escudo da fé,

no canto prenhe

da praia, com a bênção

fervente do sol.


Os poemas continuaram

seu fluxo, contra os

dizeres da insciência,

contra a correnteza

infame da terra arrasada.


Pleito visceral, os hinos cascudos

da nau vitoriosa, os cânticos

verdejantes, na bruma, no cio

desta nova terra famélica,

furibunda, em que a mão forte

bate o vento na cara

da idiotia.


Diante das misérias

e das fantasmagorias

de fantoches, que caem

bebuns como patuscos

na chuva, o soco atinge

o peito dos hipócritas,

da pantomima exangue

que se desespera.


O poema está reto

como uma adaga,

corta e traça,

sem delongas,

e com nada em vão,

seu verbo ferro aço

traço dicção de prata

brilhosa, lustrada,

do canto da vida

e da matança,

da arte solar

e da boêmia

noturna.


19/12/2023 Gustavo Bastos 

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