Quando eu bebia o mar, me embriagava
das tempestades de Netuno, das ondas
de Tritão, do sol vívido Inca, metafísico,
da unio mystica, de satoris búdicos,
na levitação dos sonhos de festivais.
Penso na amplidão, no horizonte,
em que descanso os meus ossos,
meus músculos, minhas costas,
e me previno do ataque,
com o escudo da fé,
no canto prenhe
da praia, com a bênção
fervente do sol.
Os poemas continuaram
seu fluxo, contra os
dizeres da insciência,
contra a correnteza
infame da terra arrasada.
Pleito visceral, os hinos cascudos
da nau vitoriosa, os cânticos
verdejantes, na bruma, no cio
desta nova terra famélica,
furibunda, em que a mão forte
bate o vento na cara
da idiotia.
Diante das misérias
e das fantasmagorias
de fantoches, que caem
bebuns como patuscos
na chuva, o soco atinge
o peito dos hipócritas,
da pantomima exangue
que se desespera.
O poema está reto
como uma adaga,
corta e traça,
sem delongas,
e com nada em vão,
seu verbo ferro aço
traço dicção de prata
brilhosa, lustrada,
do canto da vida
e da matança,
da arte solar
e da boêmia
noturna.
19/12/2023 Gustavo Bastos
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