“representa a chamada quarta revolução industrial”
A guerra deflagrada entre EUA e China, atualmente, vem com a
característica de um fenômeno que definirá o futuro do mundo, uma guerra
tecnológica que envolve o desenvolvimento e expansão da tecnologia 5G pelo
mundo. Uma guerra que, por ser tecnológica, tem implicações econômicas e
movimenta toda uma energia de pressão política internacional.
A China joga pesado, oferecendo recursos financeiros para
outros países, enquanto os EUA pressionam alguns países com bravatas
diplomáticas, mas que em termos de economia, não funciona muito, pelo visto, a
estratégia chinesa se mostra mais eficiente, neste primeiro momento.
A tecnologia 5G irá transformar toda a vida humana, desde os
modos de viver, como as formas de organização da produção, do consumo, vai
mudar as formas de lazer, transformar os serviços públicos, os transportes, as
finanças e até as formas de governar e exercer o poder, também influenciando na
arte militar.
Temos como característica principal da tecnologia 5G uma
forma de interconexão geral de tudo com tudo, isto é, uma manifestação
integrada de comunicação, informação, e uso tecnológico, que é a internet das
coisas, um mundo organizado do que representa a chamada quarta revolução
industrial, em que se verão máquinas prevendo problemas, analisando situações e
tomando decisões em microssegundos.
O 5G pode ser caracterizado como um grande projeto
tecnológico de infraestrutura, e apenas poucas empresas dominam esta
tecnologia, que são quatro empresas, duas chinesas, a Huawei e a ZTE, uma
finlandesa, a Nokia, e uma sueca, a Ericsson. E temos a Huawei disparada na
frente por esta corrida pelo domínio da tecnologia do 5G.
Os questionamentos de tal competição tecnológica pelo 5G, por
sua vez, coloca o tema como preocupação política e disputa territorial pela
distribuição desta tecnologia, com implicações dos efeitos colaterais deste
novo domínio tecnológico, com problemas como espionagem.
Tal domínio da Huawei, por sua vez, fez com que o presidente
dos EUA, Donald Trump, por exemplo, colocasse em suspeita o governo chinês e
esta mesma empresa Huawei, com acusações de que estes poderão usar a principal
infraestrutura do mundo do futuro, uma vez submetida a um poder ditatorial do
Partido Comunista da China, entregando todas as informações dos países que
terão a tecnologia da Huawei, portanto, a uma espionagem do governo chinês,
isto tendo consequências como chantagem e outras manipulações de big data que
esta ligação com o governo chinês pode acarretar.
Tal corrida pelo 5G virou, de fato, uma guerra tecnológica, e
os EUA, então, fizeram ações de boicote à Huawei e a ZTE, de um lado, e houve a
oferta barata do serviço desta tecnologia para partes do planeta, por parte dos
chineses, de outro lado. A competição tem a larga vantagem da Huawei, uma vez
que empresas como Ericsson e Nokia, e poucas empresas norte-americanas, não têm
preços competitivos e volume suficiente de oferta.
Portanto, os EUA e a China fazem uma disputa por quem
dominará o mundo conectado à internet do futuro próximo, este que terá, por
exemplo, de carros autônomos a drones. O valor econômico dos dados aumentarão,
pois será uma forma de poder sobre outros países. Contudo, os EUA enfrentam o
grande problema de que quem já tem domínio na área 5G é justamente a empresa
chinesa Huawei, que é a líder mundial em equipamentos de telecomunicação.
O 5G tornará o uso da tecnologia onipresente na vida humana,
equivalerá a um salto tecnológico de impacto semelhante ao que foi para a humanidade
como a domesticação dos animais, a imprensa de Gutenberg, a máquina a vapor, a
eletricidade e o automóvel.
A evolução das comunicações, por exemplo, seguiu da conexão
dos países com cabos submarinos de telégrafo, no século XIX, depois as casas se
ligaram umas às outras com a telefonia fixa e, por fim, as pessoas se
conectaram entre si, tanto com o celular como com a internet móvel. Esta quarta
revolução industrial representa a conexão das coisas, das indústrias e dos
serviços.
O 5G permitirá downloads ágeis, com uma capacidade de
transmissão de dados que passa de megabits/segundo para gigabits/segundo, algo
entre 20 a 100 vezes mais rápido, e o tempo de resposta entre um aparelho e seu
servidor, a chamada latência, será de um centésimo do que é hoje.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : https://www.seculodiario.com.br/colunas/a-disputa-tecnologica-do-5g
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