“O álbum Grace foi lançado em agosto de 1994”
Jeff Buckley lançou apenas um único álbum de estúdio em vida,
o qual foi intitulado “Grace”, com 10 faixas distribuídas em pouco mais que 51
minutos. Suas músicas são intensas, marcadas por lirismo e sinceridade, e que
demanda um ouvinte atento para o que vai apreciar, pois este álbum exige um
espírito livre para entender o que tem nele.
Jeff Buckley não é fácil, mas para verdadeiros apreciadores
de rock alternativo isso acaba virando uma paixão a partir do momento em que as
músicas começam a ser assimiladas, e digo que eu estou estupefato a cada
audição do álbum, Grace é único no cenário musical que na época era dominado
pelo grunge, pois foi lançado em 1994, e também é o único registro de estúdio,
como dito, de Jeff Buckley ainda vivo.
Além de sua lírica, de suas letras autobiográficas ou não,
temos uma instrumentação impecável, e mesmo com uma mixagem não tão exigente,
temos uma interpretação vocal também estupenda, e Jeff Buckley como músico, por
sua vez, neste álbum junta o rock alternativo, o folk, a música indiana e o
Jazz, tocando também alguns covers, dos quais se destaca a melhor versão de
Hallelujah de Leonard Cohen, que supera o próprio e tem o toque especial de
Jeff com grande verdade.
A biografia do músico é curta, interrompida por sua morte por
afogamento aos 30 anos, três anos depois do lançamento de Grace. Tal tragédia
se deu no rio Wolf, um afluente do Rio Mississipi, logo após o músico ter
gravado algumas músicas para o que seria o seu segundo álbum, quando Jeff
resolveu nadar no rio antes de se encontrar com a sua banda, e foi cantarolando
“Whole Lotta Love” do Led Zeppelin, segundo Foti, seu amigo, que ouviu a canção
da voz de Jeff enquanto nadava, até que depois deste amigo de Jeff voltar do
carro ao guardar alguns objetos, a voz sumiu, e Foti chamou a polícia, o corpo
de Jeff Buckley foi encontrado uma semana depois, já sem vida.
Jeff Buckley passou por uma atividade musical que pode ser
resumida em seis anos e apenas um álbum de estúdio, o Grace. Buckley nos
apresenta em Grace uma voz muitas vezes sussurrada, um som único que tem uma
predominância da guitarra, porém, sem solar, apenas soando o instrumento para
uma música intensa e dramática, que inunda o ouvinte que dela se agrada. E
quanto às letras, temos uma ligação entre as temáticas destas com o som que é
tocado, tudo flui numa unidade que leva Jeff Buckley a soar como um músico
original e enfrentando um cenário dominado pelos vocais gritados do grunge.
A faixa-título "Grace" tem boas variações e logo
temos "Last Goodbye" e "Lover, You Should've Come Over",
com um som mais básico, seguindo temos um som alternativo e mais sombrio com “So
Real" e "Dream Brother", e um momento bem rock e pesado com
“Eternal Life”, sem destoar do conjunto do álbum, contudo. Jeff Buckley não foi
um sucesso comercial amplo, mas tem adeptos de seu som que são medalhões, como,
por exemplo, Jimmy Page, ex-Led Zeppelin, que considera Grace o melhor álbum da
década de 1990.
O fenômeno Jeff Buckley, por sua vez, é o de um músico que
conseguiu grande dimensão e respeito com apenas um único álbum de estúdio, o
que nos lembra sempre que a sua morte foi um grande prejuízo para a música
alternativa e para o rock em geral. O álbum Grace foi lançado em agosto de
1994, e foi destaque positivo na crítica musical e ganhou adeptos famosos, como
o já citado Jimmy Page, além de figuras como Paul McCartney, David Bowie, Bono
Vox, Robert Plant e Chris Cornell, sendo influência para bandas como Radiohead,
Muse, Coldplay, Travis, Jamie Cullum, Incubus, John Mayer, dentre outros.
Filho de Tim Buckley, grande nome do folk no final dos anos 1960,
Jeff veio de um cenário que corria em paralelo ao sucesso estrondoso do grunge
da década de 1990, cenário próprio este que se localizava no bairro East
Village, em Nova York, mais exatamente no café Sin-É, cenário que começara em
1989 e local este que teve frequentadores como Allen Ginsberg, o poeta beat,
Marianne Faithfull, a banda neo-setentista The Black Crowes, Iggy Pop, Johnny
Depp, dentre outros.
Buckley conseguiu, com seu único álbum de estúdio em vida,
nos comover com sua sinceridade musical, com canções intensas e que tocam a
alma, transmitindo sentimentos próprios, de sua existência, e com uma sensibilidade
que deve ser entendida como a sua força, se destacando como compositor,
instrumentista e intérprete.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/39484/14/jeff-buckley-e-seu-album-grace
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