PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 22 de março de 2017

CANÇÃO DO OURO

O bosque canta em tons violáceos,
teu soturno campo de arauto,
a voz modulada de um melômano.

Melodia, em sons criados de lume
ao albor da aurora súbita, e que
de remansos a flor absorve.

Sorte, como és a dança macabra
em que o meu coração colapsa
de canção vindoura.

Eis, donde o canoro sopra o leme
com léguas de bruma santa e pó santo,
que de liames entre continentes
as fadas sucumbem como sereias.

Vertendo d´água o mel melodioso,
com sacos de fardos, com flertes
de enfado, com rimas de sal.

Ó bosque de bode encantado,
inquices e voduns
soprados em mitos campônios.

Leva o elmo com ermo encanto,
e se cansa o poeta, viajor d´strelas,
com a nuvem castiça de que o choro
e a lágrima padecem em película.

Ai, que do monte azul serve o
benquisto poema luz d´aurora,
e quente como o crepúsculo
é um tremor de terra.

Oceano, que da águia e do albatroz
faz sinfonia, o cisne e o pato
e as maçãs dançantes do veneno
de eva com volúpia e sarcasmo.

Como no bosque tens poeta
e melisma e miasma
e melodia.

Como no poeta que vês está
febricitando o sublime
com volúpia d´strelas,
o viajor que canta lira
em corações d´oiro.

22/03/2017 Gustavo Bastos

Nenhum comentário:

Postar um comentário