Um homem-bomba passeava
por Paris, suas sandálias
tinham espoletas,
suas mãos tinham
pólvora,
seu rosto transpirava
dinamite.
Um homem-bomba passeava
por Paris com medo da liberdade.
Um homem-bomba passeava
por Paris com ódio da igualdade.
Um homem-bomba passeava
por Paris com asco da fraternidade.
Sua ideologia é a do carrasco.
Sua política é a da decapitação.
Seu mundo é a iconoclastia.
Ele odeia cabeças e corações,
ele odeia pensar,
ele odeia sentir.
Um homem-bomba, destas fábricas
de fanáticos, passeava por Paris
com dinamite, pólvora e espoletas.
Um homem-bomba explodiu
ontem na Champs-Élysées,
deu na "breaking news",
e alguns eram Paris,
e alguns eram França,
e muitos lamentavam
o mundo e os mortos,
pois o homem-bomba
não deplorou,
explodiu e foi atrás
de seu rio de leite e mel,
num paraíso perdido,
e seu inferno era o de todos,
os que sorriam e agora choravam,
os que bebiam e agora gritavam,
os que dançavam e agora morreram.
12/02/2016 Gustavo Bastos
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