O solo, em teu corpo de sol,
remove a terra da devoluta solidão.
Clamo às fadas o olho do furacão.
Mais que o vigor que se oculta no matagal,
quero ver flechado o meu amor no abismo.
Quantas águas douram ao rio frio?
Que sóis morrem de fundo suicídio?
O mar, tal o esteio da água e sal,
freme em seu violento vento
de onda e tormenta.
Eu sei dos sábios antediluvianos
ressuscitados do sal,
eles atravessam a noite oceânica
com seus corpos de cobre
sob a lua das mortas almas,
e correm com seus papiros
na penumbra do cais
ao mistério da flor da noite.
O sol, em sua fúria de terra,
do sal dá ao solo a sesmaria do caos.
Eu, poeta insano, boêmio e roto,
cato os detritos de versos
que a lua indômita
cantou depois do silêncio
de meus ardores de paixão.
As nuvens de céu vermelho
cantam a poesia na fria bruma,
gotas vermelhas caem
no patíbulo de meus vitrais,
na amurada o afresco saboreia
o lume que desponta da aurora,
e o temor de arrebol que encanta
fecha ao negro da noite,
quando a poesia,
malgrada a hora,
se volta ao vento
de versos que brotam
da corola que,
à copa de uma árvore,
vê o desterro do poeta.
Lembro que a alma se quer infinita,
e de morte se quer lembrada,
uma vez já ao corpo vivido,
dá seu adeus
na ponta da pena,
e a poesia lhe assina.
26/11/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
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