Olhai na mata densa os ombros da árvore,
rumor e fervor do espanto da carne dura
que fere de labor as lidas do aço diário.
Cremado o corpo sob a fumaça do rancor,
vai de vento ao óleo negro dos sonhos,
planta da vida em frêmito e sarça,
vai e roda a lei dos altares
na paz chamuscada do vinhateiro.
Eu penso que o delírio da guerra
faz da esfera pau-de-arara,
torturado o flagelo
da estrela que gritou,
perdido o poeta no mármore,
psicografa o tempo em fúria de enredo.
O martelo da filosofia conceitua a fadiga.
Desejo central do drama e do espetáculo.
Flor densa eu mato nos dias tensos.
Com o coral das flores mortiças
o canhão explode seu poema de bala,
canta com o sol a dor de luta,
ventila o inóspito do ritual profundo.
Olhai o cântaro madrepérola
no transe nacarado
de zênite e nadir
nos sonhos da água.
22/07/2013 Êxtase
(Gustavo Bastos)
A Hora das Fornalhas
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