A carne misteriosa olhou a chama,
levou eras de dor e anarquia,
como miasma na flor romantizada.
Eu lembrei o sino vertical
das hostes enevoadas,
com mel de vinho em frio rúbido,
com fel liberto de corpo fustigado.
O anel balançava com flor de bruma,
um rimou com outro em veste muda,
um dançou com o outro em vinho de surra.
O céu alimentou o sonho redivivo
com harmonias celestiais como
anjos empenhando suas espadas,
com livros caindo das estantes
de uma dor eterna e fria,
com longitudes sem fim
do vestíbulo de uma caça matada.
A flor extraordinária dos campos hostis
nasceu como refugo de fome atormentada,
eu lia em seu crepúsculo um temor
de vigor emanado,
qual cão que ladrava
na noite que gritava
com o sal tonitruoso
dos corpos em risos
de canção embriagada.
O leme de tal nau despirocada
era terror se avizinhando
dos poetas de acinte ao sistema bruto,
com voz brutalizada e corpo seviciado
se conformava a força de um cometa,
de suas dores avultadas
saíam gramaturas e máquina azeitada,
de seus torpedos de alegria
uma ode espantada
com o sol rúbido
qual sangue de proscênio,
um sangue inoculado
nas trevas de comédia
com sorrisos e choros
deglutidos como um som único
de corpo luxurioso,
de fragor lúbrico
com estalos e gemidos
na ideia precípua
dos castelos em versos
que a alma ditou
no esmero da pena
qual luta já vencida.
Eu olhei a estrela de véu e grinalda,
e não era febre de poeta,
era a cor do poema
como luzidia poesia.
03/12/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
Adélia Prado Lá em Casa: Gísila Couto
Há 4 semanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário