O banquete sobrou de uma via esquecida,
era tempo em discórdia com flor azulada,
febre manchada pelo tempo malquisto,
pelo tempo manchado o poema escrito.
Os dias passaram na pena armada,
na flauta do drama dos comediógrafos,
na conquista do nada em fundo celeste,
com ardis de comarca pela lei furtada,
e os sinos vingaram o leme
com sal de sol em minha arfada,
lua negra de dor desalmada,
plêiade ofuscada em mar de esmeralda.
O mar estava alto,
como um contralto,
como um lago,
como um rio amargo.
O mar revirou suas ondas
em meu corpo dócil,
a sutileza da noite abriu
os sete livros que diriam
estupefatos o segredo da alma,
uma alma de topázio
com frio e gotas de álcool,
uma embriaguez sonâmbula
com poeta e sangue
em flor de berilo
com finos toques
da turquesa azul,
com labor detalhista
de uma ode poeirenta.
Os sinais eram evidentes:
Morte. Loucura. Salvação.
Os sinais eram evidentes:
poema escrito, nascido,
suicidado vivo,
vivo como o sol depois do inferno,
vivo com luz de brio
nas ancas ondulantes
de outro corpo fêmea
que vingou o verso
no hino renascido.
03/12/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
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