PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

domingo, 5 de agosto de 2012

SOME OLD SHIT

Vamos, que é a hora do afogado
na vestimenta que adorna
o ventre-matriz da lordose.

Nonagenários sonham
com novas uivadas flores,
corre o sonho do jovem
querendo a falácia
de filosofemas,
silogismo que é mentira
de paradoxos falsários.

Coma carne crua,
ande pelado pela rua.
O poeta faz a performance
num sítio escuro
com esqueletos vivos,
dança na suástica
enrolado na bandeira
dos Estados Unidos.

Mas que morfema fonético
triturou a tua língua?
Foste poeta de um ridículo
teatro de tortura?
Eu leio o jornal
e dele o sangue nobre
é um elemento-carne
sem os respingos
da alma e da arte.

Calmo, eu vou na nota
das classes de putas
diversas,
bundas,
quadris,
peitos,
nomes fictícios.

Me divirto pesquisando
sobre carros que nunca
sonhei ter,
vejo a guerra
e o sopro sufocado
da economia,
leio a página dos famosos
como se nunca
tivesse lido
senão projetos
e viagens que foram
só para fazer troça
dos pobres idiotas
e assalariados.

E o grito primal
da fera assassina
quis o coração imberbe
do poeta
como manchete
de um crime,
mas morreu de fome
e anônimo
sem carne
e sem alma.

O latrocínio dos déspotas
reuniu todas as façanhas
de presidentes impossíveis.

O mercado refreou
o caos da especulação
em suas tripas
com uma nova regulação
estatal de suas viroses
e tumores.

Como haveria de dar certo
esta sanha
por novas carteiras
de débitos infinitos?

Comam carne crua
e bebam almas nuas,
sejam anátemas
e gnósticos
e façam pacto de sangue
pela riqueza,
descansem numa cabana
na montanha
e esqueçam da vida!

O poeta não ensina
poesia e faz poema
como chora,
o poeta não é livre,
pois a liberdade
é só uma ideia
muito ideal,
e os ideais já passaram
pelo fogo da loucura.

Lograr êxito demanda
um bocado de decepções,
o amor é o principal
vilão do coração incorrigível,
podemos comprá-lo
sem saber
como vendê-lo
depois,
e a paixão nem pensa nisso,
ela quer de graça
o que custa caro,
e não reconhece
o disparate
de seu desejo.

Como poeta, ou talvez
artista de visão,
a morte não calcula
as escolhas feitas,
e a vida das escolhas
não resulta
em êxito ou fracasso,
a ponte é uma só
e  a verdade
é o que passa nela
enquanto nela estamos.

E o fim do caminho
não é nenhum fim,
uma vez que tudo
pode ser eterno
se estivermos sãos.

Leio a classificação
das palavras
num amontoado
de expressões,
e a expressão
máxima
do caminho
não é filosofia,
nem literatura,
é o sangue
e seu fluxo
que não cessa
senão
na hora
do caos.

03/08/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)

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