Passando pelo velho rio caudaloso,
escuto as estórias e lendas,
um espírito zombeteiro
flutua na nascente
com flores de cobre
e desandando a falar
dos horrores da floresta.
Uma mesma fonte
mata a sede
dos cavalos.
Um mesmo rei
corta as cabeças
dos súditos.
Eu atravesso o sistema
com a náusea do dinheiro
nos pés da revolução.
Eu saúdo Che enquanto
canto em gestos
a queda espiritual
dos andarilhos.
O rio estranho da iluminação
me invade todas as cores
em todos os meus poros
com o arrepio do miasma
na pele bronzeada,
e os cavalos correm
tresloucados.
Pescando entre régios elementos
de vinha e sarça,
o fogo venera
a luz incontida
do mundo.
Os carros na distância
batem e capotam
por aí depois
da noitada
frenética.
Eu dou uma galimatia
e depois um salto
no escuro.
As trevas são noites sem fim
no inverno dos amantes.
O rio corre impassível,
o espírito zombeteiro
se desfaz em fumaça
e cai um lençol branco
sobre a água,
logo ele fica vermelho
e o rio fica vermelho.
A água transmuta em vinho,
o vinho do sangue da juventude
na ponta da espada
que quer poesia
no espelho d`água
do rio que se perde
no mar do infinito.
04/08/2012 Libertação
(Gustavo Bastos)
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