Juntou-se o passaredo
nas águas de cor violácea.
Aspergiram orvalho de sol
sobre a onda misteriosa.
As velas dos navegantes
vingaram as tempestades
no alto do céu.
Gemia o degredado
na funda dor
que ardia.
O sol ardia,
a praia ardia,
o corpo já não
sentia
o delírio,
o mar frio
já não via
o marulho,
tudo era silêncio
na casa oca,
tudo era vazio
na dor que lancinava,
tudo era cor sem forma,
e o véu da rosa
mesmerizava
o poeta
em ampla
devassidão.
Juntou-se o amálgama
do vulcão nervoso,
desta furibunda
verdade,
não escapou
o ser do nada
que ali pousou.
A praia era a vida
sem tribulação,
a inação da sapiência
verteria toda a poesia
sobre o chão
da inspiração,
e nada mais
sobraria
de minha vil
canção,
e só ficaria
mesmo
o sol
e a verdade
planando
sem luz
e sem alívio,
como uma região
inóspita do
tempo.
07/06/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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Há 4 semanas
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