Respondo sozinho por tudo,
ser desajustado não é ser depauperado,
surtar não é só pedir socorro,
a loucura não é um lema,
a razão não é o problema.
O mistério em mim não provoca o tédio.
O sintoma em mim não deduz uma causa.
O fim do meu ser não acaba em mim.
Perdoar não é afundar no esquecimento.
Perder tudo não é morrer.
Quando penso em todas as coisas
vejo o simples gesto do poema.
Quando penso em todas as coisas
não vejo nada.
Pois sim, do querer se tem o consumo,
da riqueza se tem a insaciedade,
saciar-se é a meta do ser
no tempo contemporâneo,
mas a fome traz frio,
e o frio é a escuridão
dos sentidos.
O desejo que vive em mim
é a velocidade inconsequente
que não cessa de correr.
O tempo escorre pelos dedos,
e o pensamento se torna
convulsão.
01/02/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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