Não é a morte que me assusta,
minha questão mortal é o tempo.
Ando em rodas eternas,
dentes da contenda
na dor dos ares e fuzis,
canto loas ao enforcado,
dizimo uma raça na canção
do desdouro.
O relógio ataca a superfície,
a psiquê desperta no subterrâneo.
As mulheres se enganam
quanto aos poetas,
espelhos de lisonjas
são arabescos apaixonados
de um reles recitador
de sevícias da carne.
O sacrifício no alto da montanha
é o sangue do corpo imolado
de uma virgem na tempestade.
O olho da revolução
é um horizonte de relva rubra
nos sonhos de um bêbado loquaz
com suas desditas
de um delírio tropical.
Todo poema urge uma patifaria,
toda dor esconde uma falsa alegria,
somos todos palhaços
de uma hora que se foi.
18/11/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
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