PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 3 de março de 2011

DE VOLTA AO INFERNO

Quando o mar se encanta de fogo, temo os reis das profundezas, para alçar à sabedoria. Cantar nos altos dissonantes de uma prosa mais que morta. Os concertos inverossímeis do meu bruto lar. Os tais infernos queimando. Os alvos vagarosos do meu ódio, como quem correria por campos de morte, nas armadilhas febris da rebelião.

Meus bons cristãos, lhes dou um desaforo! Em vossos céus não invento os parques que imagino. Como entranhas, tais saltos da pancada viraram pestes incuráveis. Vai ao sóbrio clamor, o sol dentro do discurso, os tais mestres da infâmia. Fugindo, o sangue se derramou no precipício. Dores do cárcere, os tais céus não me dizem ... memórias dos jogos e dos funerais, o mal do paraíso é estar longe. Números das fábricas destruídas. Quando o ventre gritava por socorro, corri até me perder de tanto girar. Aos que descem aos calabouços, este mesmo libertino vos acompanha.

Para dizer sobre murros que não dei, tive que ouvir corações em desordem, para a tal profundeza na qual não sei se retorno. É o mal eterno! Ter que cair no sono dos fracos, ó mortes que não notei! Vendem os corpos ao relento, dizem se sentirem plenos em suas desgraças. Lembraram? Estive perto do que chamam um caminho sem luz, quase me joguei aos vermes.

O fantasma que me traz as visões, ser de sol, ser de estrela, desejo lunar ... agita as fortalezas, nos metais brilhosos das armas brancas, na faca que me atravessou. Mas eu estava em outro plano, e descobri tarde o amor que nunca pensei, lembro que o céu é apenas um sonho, que a terra me possui ... já cantaram os ventos um dia, não vivemos por acaso. É Deus! Dizem os loucos.

Para que o lastro de saudade não sirva de lamentação, vejo novas primaveras, eternos verões, os corações ansiosos. Doar a bondade é um dever. Não estamos certos? Ah! É o que devemos dizer. Pois, para não afirmar a tradição, eu nego a bondade, espontânea e morta. Porque não me vejo como servo, não sou a alma amada dos tais longínquos perdões. Só basta a crença desiludida, o clamor serve ao espírito. Me encanto com o desejo, não sou uma alma de caridade. Para a morte não sobrará nem o sol.

É verdade que os rumos que tomaram os malditos são paixões suicidas. O nervo da multidão joga com o que está se escrevendo aqui, as paixões doentes que me matam. Não posso temer o que quer me destruir, sei que estou pleno de toda consciência, oráculos de tempo vil, nas ruínas para o desalento. Não resisto! Os céus me abandonaram. Serei então um anjo recluso, ou um demônio cheio de ódio.

Nas contendas da alma, canta o corpo sua aventura. E o espírito plana. É doce como uma nuvem, meus silêncios matinais. Dores do inferno! Vem então o momento de partir, fico sem saber do que se fez este espetáculo, do que se fará dos meus sonhos ... que tanto julguei para me elevar a realizá-los. Esta noite voltou, e posso morder todas as filosofias e cuspi-las num prato de novas teorias. Me enveneno. Sim, e não sinto falta de um pouco de tédio. Pois o que surge agora em minha pena, não veio de uma embriaguez somente, sou inteiro quando faço tais barbáries ... eu sei de tudo o que é podridão, com os vultos de minha noite libertina. Que o dia amanheça sem remorsos.

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