Já dormia esquecida uma nau na esfera turva,
mar e palco para os nobres corações,
nau de bandidos.
Sou toda esta dor, cândida e feroz, contraditória
dor.
Sou todo o tempo em mim que afunda no infinito.
Sou o temor e o torpor.
Nesta nau estrelas se afogam pedindo socorro.
Não me espanto mais com o perfume da flor,
sou a minha boca em teus seios de rosa apavorada,
eu sou completamente louco, desvairado,
a nudez da carne é o pecado da minha nobreza.
Já acorda então a nau do meu desgoverno,
do meu descompasso.
A pena é a testemunha deste marco de minha vida,
a pena que traz a canção do infinito,
infinito de rosas, vinho e paixão.
Sou todo este infinito que não teme o furor.
Vou embora com as veredas do caminho,
vou no caminho que é a sina do amante,
até o poente crepúsculo da deusa do amor,
luxúria de minhas veias
morrendo de sede e de fome,
lívida penúria do meu langor.
Gustavo Bastos 13/04/2009
A Hora das Fornalhas
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