XIV – HISTÓRIA DA QUEDA DO PARAÍSO
Sob um verde espanto na noite tive
O meu grau supremo de discórdia,
Da névoa se enfurecia a rosa da madeixa arrancada
Às libélulas tristes dos azuis poeirentos da abadia.
Ele, o astro novamente imberbe,
O coração de vinho e carne e monturo de frestas,
Como sino ou tempo caíam as vidas,
Suas danças pueris de velho outono
Levando a cor da praia
Para delirar no sol fervente,
Águia silenciosa,
Do outono que roía a palhoça,
Um dragão bravo
Que soltava chama
Para o tédio dos traidores
Dos santos,
Uma supernova
Que morria
No sol exangue.
Para um vegetal robusto,
Ele tinha o dom alucinógeno
Da visão que era
O enigma do ritmo.
Ele somente com suas histerias românticas,
Navegava num ritmo magistral
Para o deleite dos anormais.
Das quedas que tudo derribam,
Tinha o recheio da semente
Donde brotara.
Era um jovem possuído,
Máquina da fúria,
Possesso o demônio
De uma feira cômica,
De uma amante em devaneios,
Como corsário dos mares dispersos.
Segregava qualquer orgulho
Na própria face sem farol,
Como se a luz
Já não fosse luminosa
Para o seu caminho.
Dizia ao seu amor:
“Tantas foram as aventuras,
Que cansei de me aventurar
Sem o teu abraço.”
Pois era jovem
Numa poção de mutações.
Pois era jovem
Transformado em aço.
Levando toda vitória
De conquistadores marítimos,
Argonautas do coração divino,
Para virar anjo de comércio e butique,
Para ser moda no descalabro
De uma existência vã e passageira.
Ó montes sulfúreos,
De onde vem a paixão?
Ele lembra de quando
Era pasto para a fome
Do indigente,
Era o seu próprio tempo
De fome,
O seu próprio vazio
No coração das coisas,
O seu cemitério
De almas perdidas,
O seu centro de gravidade
Para os planetas.
Um jovem todo louco e gênio da raça,
Um anjo dos quilates incomparáveis,
Tinha a sorte de ter uma inspiração
Na rosa-dos-ventos.
Seu seio inebriado de alma
Como fogo libertino,
Entre o amarelo trigo
Queimando na razão já suspensa
No delírio.
Pois era profeta mormente infernal,
Pois descia do céu paraíso
E buscava uma dama
Para o seu dia.
Era o ácido lisérgico
Da imagem perfeita de Woodstock.
O desbunde era a lei sensata
De todas as festas.
Os caldos amorosos
Se abriam em flor solar,
Era ele a criatura da juventude,
Que divina tomava o seu cálice
Nas corolas do campo,
Ao saber que o paraíso
Estava devastado
Pelo sangue do universo,
Ao saber que a terra morria
Sem poder gritar.
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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