XII – ATRAVESSANDO O CORPO E A ALMA
Meus altares, consigo atravessar por um segundo,
Que agora vens ao meu frio e ao meu encontro,
Que sabe depor sobre a pedra violenta
De todo estúpido, por quererem proibir-me
Outrora por mais que lhes padeçam a cara.
Quando, aos sons ordinários, cordilheiras suspensas
Do elmo e da mágica, houve sementes embrutecidas somente
Pelo pão, e nos altares não achavam
Este miserável pão!
Sei lá como se pede e se pedisse
Seria negado logo, com a mão valendo-se
De nada que já tem o que lhe fazer,
Com a cabeça sem mais o que fazer.
De lá dos confins não se achou nada,
E como se lá tivesse o que fazer,
Não se saberia o que esperar,
E antes o pão que o ódio e a arma,
E antes o justo que há em alguns,
E antes mais o que for para o bem,
E não como antes era de selvagens
O campo da morte, e não como antes
Dos lares que foram em todas as noites,
Não fazendo o que há em toda a vontade
Ou levando o que é de necessidade
Por esquecer-se o que levar.
O mundo não virou-se de todo
Um martírio, eis que o nada contorce
Gente, eis o instrumento da caça.
Tendo-se a morada e as cobertas,
Os elementos todos,
Eis que ninguém emerge.
E quanto o que vier de todo ato
Será pouco para nós.
E do tanto que afundar
Será pouco para nós.
E dos muitos gritos
Não se terá mais o grito.
Dando-se por gratidão a vida,
Não será o herói que espera.
Queixando-se em vão da realidade
Saberá algo para criticar.
E no passo do tempo como sempre
Teria também o feliz em vão.
E tanto a tristeza, como o ódio,
E a mentira, seriam outra coisa.
Não saberei sorver este espetáculo.
E vós que não sabeis de coisa alguma
Exponham a cara ao trabalho,
Vós que sois o que sois,
Por tanto vigor mal remunerado,
Que o vento vos deixeis,
Lama do sangue de toda a eternidade
Com os seus elos
De força primeira
Do universo.
Como os loucos,
Desgovernando-se.
Como os pesadelos,
Sendo o medo de tirar-vos a vida,
De um súbito, com o gosto do demônio
Na boca.
E um pouco tarde demais o sal dos sais
Das iguarias dos que se embelezam,
E um pouco longe demais
O que é infinito deixando-se além.
Noutros dias seria o ganho
De um tanto de riqueza,
E noutros dias
O que seria somente é
O que sente dor.
Estava a pensar solidamente,
A beleza me consolava,
E vos disse o que para
Tanta beleza
Se ousaria
Imaginá-la.
Para tê-las das mais libertas,
Para tê-las, liberdade,
Como a beleza.
Para tudo em vós todos
O que diria, ou sonharia.
Eis que é, pouco se faz para tanto,
Não há liberdade que não
Enfrente a morte.
E não há por não temê-la.
E o que faz destes vulcões da plebe
O que o nobre burguês
Estupidamente esconde,
O que os tantos dos tantos
Não é demais, o que dos sem
Não sentem o que será
Assim por toda a existência.
Causa súbita do ar que se foi,
Do ar que reavivou o destino,
Ter o corpo misturado com a terra
E dela o sangue mais que toda
A velha emoção.
Eis que é tudo,
E ainda será a minha terra de todo amada,
E quem o diz será também forte
Como uma fortaleza de tudo forte
Como deve ser,
Sem mais o temor, concentrado
No fogo do viver o que mais se quer viver.
Eis que é tudo
O mundo que nos cabe
E que nos leva,
Eis que é a maravilha
Do que se faz com a alma
Para também não esquecê-la.
É do lado do céu, lá seria o último regaço
Da terra, e o corpo vivendo,
E alma para toda infinitude
Saber reconhecê-la.
Eis que é tudo
No coração por se dizê-lo.
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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