O ASSASSINO DE PUTAS
De repente, um pequeno astuto homem
Percorre a rua que não dormia:
“Senhores. Tendes o que ver ainda?
O pouco do que vi não me é agradável,
Temo por vossas almas,
O terror do que vi diz por si só!”
Acorreram a ele os assustados ouvintes.
“Morreu do outro lado uma moça,
Jogaram-na no pátio, nem digo o resto ...”
Ali, se juntava cada vez mais gente.
“Foi um desgraçado que roubou-lhe as joias,
Levou também sua bolsa, arrancou-lhe os olhos
E desfigurou-lhe o rosto. É um cruel desgraçado!”
Nas alturas que ele bradava
Já se tinha a rua inteira em balbúrdia.
“Senhores. Por favor entendam.
Se isto foi feito, o que será de nós?”
Um outro, de porte elegante, responde atônito:
“Este mundo está doente. Se descobrirmos
Quem foi este miserável, vamos linchá-lo!”
E a moça, descobriu-se no dia,
Ser a prostituta com quem todos ali
Já tinham transado, mas os esposos
Que ali se encontravam calaram-se
Com as consciências lhes dando
Ordens morais, e o pequeno astuto homem
(Salazar, o desgraçado) pensando em segredo:
“Levei o que ela me roubou, levei seus olhos
De cobiça, já estou impune,
Ninguém descobrirá, não deixei pistas.”
A pobre moça está mutilada, o assassino era
O mais virulento acusador:
“É um desgraçado, é um infeliz
Que a mãe chocou-lhe como a ovos
De serpente!”
Ele acusou o desgraçado (ele mesmo)
Pensando em segredo:
“Estes homens todos se cobrem
De vergonha, estão todos com as mãos
Sujas. As minhas eu já lavei,
Com o sangue desta pobre vagabunda.”
Nunca o pegaram.
Foi o único que lhe tomou as joias,
Mais que as joias, a vida.
(Esta pobre moça “da vida”, aliás).
E volta hoje à lembrança:
O crime prescreveu.
Salazar, o desgraçado,
Hoje é um velho,
O mesmo canalha,
O assassino de putas.
Quem sou eu?
Há 2 semanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário