PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O ASSASSINO DE PUTAS

O ASSASSINO DE PUTAS


De repente, um pequeno astuto homem

Percorre a rua que não dormia:

“Senhores. Tendes o que ver ainda?

O pouco do que vi não me é agradável,

Temo por vossas almas,

O terror do que vi diz por si só!”



Acorreram a ele os assustados ouvintes.

“Morreu do outro lado uma moça,

Jogaram-na no pátio, nem digo o resto ...”

Ali, se juntava cada vez mais gente.

“Foi um desgraçado que roubou-lhe as joias,

Levou também sua bolsa, arrancou-lhe os olhos

E desfigurou-lhe o rosto. É um cruel desgraçado!”



Nas alturas que ele bradava

Já se tinha a rua inteira em balbúrdia.

“Senhores. Por favor entendam.

Se isto foi feito, o que será de nós?”

Um outro, de porte elegante, responde atônito:

“Este mundo está doente. Se descobrirmos

Quem foi este miserável, vamos linchá-lo!”



E a moça, descobriu-se no dia,

Ser a prostituta com quem todos ali

Já tinham transado, mas os esposos

Que ali se encontravam calaram-se

Com as consciências lhes dando

Ordens morais, e o pequeno astuto homem

(Salazar, o desgraçado) pensando em segredo:

“Levei o que ela me roubou, levei seus olhos

De cobiça, já estou impune,

Ninguém descobrirá, não deixei pistas.”



A pobre moça está mutilada, o assassino era

O mais virulento acusador:

“É um desgraçado, é um infeliz

Que a mãe chocou-lhe como a ovos

De serpente!”

Ele acusou o desgraçado (ele mesmo)

Pensando em segredo:

“Estes homens todos se cobrem

De vergonha, estão todos com as mãos

Sujas. As minhas eu já lavei,

Com o sangue desta pobre vagabunda.”

Nunca o pegaram.

Foi o único que lhe tomou as joias,

Mais que as joias, a vida.

(Esta pobre moça “da vida”, aliás).



E volta hoje à lembrança:

O crime prescreveu.

Salazar, o desgraçado,

Hoje é um velho,

O mesmo canalha,

O assassino de putas.

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