Vossa santidade, este santarrão
morreu exangue na rua,
peço o favor, meus santos
sacrários, das orações
em êxtase, que a santa
mãe dos pobres leve
esta criatura ordinária.
Estava jazendo
um ser de ostracismo,
para a cova comum.
E que seu inferno
seja justo, com
todos aqueles
diabinhos
vermelhos
com garfos
a espetar
o infeliz
na fornalha.
Sei que toda
a santidade se vive
na renúncia,
e eu joguei
meus relógios
fora.
Agora vivo a vida
incomum de um
tempo natural,
de volta ao
fundo musical
do passaredo
e sob a sombra
das árvores.
Faço com meu canto,
junto às flautas e tambores,
a festa dos selvagens
que nadam no rio
e pintam a cara
para fingirem
que são bichos.
30/11/2023 Gustavo Bastos
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