Face à lira que flui no horizonte,
e os lírios que ressoam no vento,
ao campo mais longínquo
dos anelos e desejos,
vem toda brisa deitar a alma nua,
na vinha e no trigal e no laranjal
e em toda grande deusa natural
dos sonhos e dos delírios.
O livro encontrado, ressecado,
um grimório com imprecações,
conjurações, invocações,
receituários de unguentos,
batismos de sangue,
pactos sinistros,
cantorias luciferianas,
rituais com absinto,
beladona e mandrágora,
mandava o poeta
versar insanamente,
e a lira tremia, em timbre
riscado e ritmo frenético,
até a exaustão do
grande gênio,
do virtuose,
da morte
de uma
obsessão.
31/08/2023 Gustavo Bastos
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