De uma tragédia às sete da noite
na clavícula das luas,
a rosa nasce impura,
tonta e vertiginosa.
Eu paro e olho o sinal,
um lápis-lazúli
que prorrompe
entre as milhas
e meu violão
afinado meio
tom abaixo,
crente, a cruz crucifica
o dorso, o grito, o urro,
a dor poesia que vicia,
rente, ao claro clarão
do sol, vem de nuvem aos
guizos dos risos de um bobo,
Aristófanes ébrio,
promovendo seu holocausto
de figuras públicas,
a rir de si e de todos,
no lagar das horas risonhas,
me ponho neste lugar
de tragédia, absorto
de drama e de heroína,
o romance que era projeto
começou a ser escrito,
platitudes filosóficas
dominaram o pensamento
público, Aristófanes ri
destes ocos homens,
a fazer conceito evanescente
das profundas questões,
e o douto ignaro
na troça de um traço
agreste, seco,
que o poeta parou
de edulcorar,
ele também
seco como uma palha,
balbuciando mais
um poema pétreo
na curva do rio.
07/03/2020 Gustavo Bastos
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