Debaixo do céu que me quer
encalacrado
com mil de cá - sílabos?
Dois mil por viés,
diante da esfinge.
E que o neon me deixe bêbado.
E que os quereres sejam
antes de serem póstumos.
Debaixo da morte:
o poder rútilo
da vida,
como em meu ninho de faraó,
como em meu nicho de cabrobó.
Fumo um estalo, neon anárquico,
disco voador.
O céu me aquilata
como ourives
das estrelas,
fome esbelta de golpe militar,
fome rústica de bolchevique,
ditador da penúria
em minha democrata
luta
de ter-te assim na minha mão.
Com os filhos eu os torço
nas mãos das viúvas,
com os netos
os dou ao vento terral
de quebra-mares,
ao vinho o estampido
como gira
em que desce exú
e o riso,
como vidro espatifado
que revela aos montes
a lufada de bafo
no espelho.
O poema, bruta flor,
quer-te céu sobre o monte,
quer-me feroz
como um vinho.
O poema, tronco de lenhador,
queima meus dizeres
como o cartaz
de um cine-fotogramas
em lampejo
de antigas canções.
07/09/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)
Quem sou eu?
Há 3 semanas
Nenhum comentário:
Postar um comentário