PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sábado, 18 de janeiro de 2014

PENDOR INOCULADO

As claras névoas se sucedem
no caldo marmóreo das nuvens,
entre os dentes o corpo do flagelo.

Ruminei a sede a fome o caos,
dentro do turbilhão selvagem
cantei o sereno fim.

O poema, sol das asas entre saturnos,
cai em fel e mel e céu e terror.
Dentro da caixa o pó do que resta,
uma esfera enigma de ser indeciso,
um círculo triângulo de mesmerizados.

Peste bubônica arrasada a terra vil,
os sonhos vis são depurados
em anjos visionários,
os castelos ruíram de sol sob a cal e o ferro,
os moços da poesia
enlutaram as poetisas
no mormaço do deserto,
os limos do chão à pedra
de fundo osso ao tempo frio
estalaram a pele de monstro
dos remansos das trevas
que explodiram ao pavio
das horas recortadas
do delírio.

Os ventos, brumas calcárias,
semearam o sol que vinga o sangue azul,
derrotadas as magias dentro de mim,
enfurnado em lua sob a salina dança
os mares fogem ao sorriso de horror,
dois fundos dramas solfejam
diante da canção sumária,
e a luz cai qual visão
na paz sem memória.

18/01/2014 Êxtase
(Gustavo Bastos)

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