Numa queda repentina, dou às formas toda a perfeição submersa sob alguns versos, os retratos mortos que estão debaixo das ruas.
As maravilhas cá reluzem, dores como o sol, feras e ardis de encantos efêmeros.
Sinto o que é a pobreza, o que é o escândalo, e a forçamotriz da urdidura.
Eu nem me faço poeta, nem como se fosse poeta, nem como seria algum escritor. As visões que escapam são poemas, submersas canções do espírito. O riso estimula um tanto de pecado, outras vidas arrasadas.
Numa queda repentina, o delírio cresce até eu ser louco, louco aventureiro, louco refém das maravilhas, das mil incandescências do espírito. Quero dizer num instante todo o Eterno.
Daí se vão versos:
Os trunfos, as mazelas e os mistérios,
São a carta queimada do enigma.
A palavra se acorrenta ao verbo,
A areia é o sono do sol,
Eu deito sob o sol e sobre a areia.
Sei do mar. Sei dos ventos.
Só ignoro o coração do outro,
Que a mim entristece.
É o estalo de uma canção perdida.
A brava canção doente terminal.
As doenças são frascos de veneno.
Estou roxo e asfixiado.
Desta queda eu vi areia e sol,
Eu sou pobre – sou só vento.
Todo o meu ouro é pobre,
Todo o meu ouro.
Eu vejo cidades dentro de máquinas.
Eu vejo camponeses, pastores e pobres.
O enigma é hostil à ciência.
Fragrâncias do nada, em todo o pasto.
Pastores de ovelhas negras
Se comprazem com a perdição.
Eu caio no sono, um inferno silencioso.
Palavra efêmera.
Estive diante da Esfinge.
A forçamotriz é a fraqueza dos sonhos.
Eu me entrego – o enigma não importa!
O olho maçônico é Inferno.
A pirâmide é Inferno.
A pobreza é Inferno.
O olho de Osíris, meu devaneio.
Eu me calo. Eu me mato.
(É a peste do Faraó).
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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