terça-feira, 23 de novembro de 2010
FOGOFÁTUO
À luz decorrente da soberba, os bandidos devotos.
Eles dão à glória o que criam.
Um dirá ao outro:
__ Temos o ouro, o mormaço e a cela.
E um terceiro responde:
__ Seja isto então. O que é velho morreu.
E a sina dos banqueiros é serem o que são.
Suas salas refrigeradas são bandeiras do capitalismo.
Quem, de luz navegando, sem sabedoria,
Poderia então servir-se do ouro, do mormaço e da cela?
O plágio dos idiotas. Ou criaturas insanas.
E o primeiro responde:
__ Que bandidos somos nós? Aos diabos!
O chefe do bando retrucou:
__ Vocês, pobretões, não são banqueiros.
O que fazemos é usar máscaras para assustá-los.
E um outro, cheio de si, faz a seguinte observação:
__ Damos aos revólveres todo o poder.
Aqui neste mundo bolorento,
Só mesmo o apelo e o terror são eficientes.
Nossa bagatela, nosso quinhão, nossa barganha ...
É mais eficaz que o trabalho dos conformados.
Temos então: __ Ouro, mormaço e cela.
Isto não é pão! Dinheiro? É o mais interessante ...
Pois o quê? Devemos tê-lo para nós!
(O chefe do bando faz o mea culpa)
__ Quem somos? Senão a escória?
Mas, dane-se. Vamos viver o dia de hoje.
Os discípulos, revoltados, deram o veredicto:
__ Estás louco? Tu és nosso chefe, Satanás ...
Os salafrários, as bandalheiras!
Ou melhor, a hipocrisia ...
Tudo nos é honrado. Tudo nos parece certo.
Tão claro e certo, como o sol na manhã seguinte.
Isto se não for a chuva nossa sujeira.
O chefe (Satanás), tomou de volta a palavra:
__ Somos a escória, meus discípulos.
A maré dos sonhos humanos, seus desejos,
São os que levam o mundo ao caminho natural da estupidez.
Senhores, não desanimem.
O capital é nosso. A poluição é nossa.
Os corsários são os nossos ídolos.
Ó fastígio da guerra! O panzer é o universo!
Somos todos, escória maltratada.
Ouro, mormaço e cela.
Com este mundo nós deliramos.
Termino aqui uma narrativa inútil:
__ O fogofátuo são os nossos desejos,
Os nossos sonhos, as nossas ideias,
As nossas experiências,
Os nossos vícios,
Até mesmo a nossa suposta bondade.
(Aqui quem fala é o poeta).
Pois o quê? Tudo é isto:
__ Fogofátuo; ou melhor,
Ouro, mormaço e cela.
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