“Podmore relacionou a grande maioria dos casos de poltergeist
com adolescentes”
POLTERGEIST E
ADOLESCÊNCIA
Camille Flammarion, renomado astrônomo, que também foi um
dedicado pesquisador psíquico e um dos entusiastas e divulgadores do
Espiritismo, diante do conhecido fenômeno do poltergeist, chegou a uma
conclusão linear sobre o conjunto da pesquisa geral dos casos que se somavam
desde há muitos séculos, e diante, também, do caso de uma casa mal-assombrada
por um garoto de 12 anos, acaba por dizer, portanto, o seguinte : “Neste, como na maior parte dos casos
análogos, a causa desconhecida produtora dos fenômenos está associada a um
organismo moço”.
Frank Podmore, um dos fundadores da SPR (Society for
Psychical Research) analisou uma centena destes fenômenos de poltergeist, e
descartou categoricamente a hipótese espírita, buscando causas naturais para os
casos que enumerou. Na verdade, para Podmore, se tratavam de fenômenos
parafísicos, mais do ramo da parapsicologia do que de um suposto comprovante de
veracidade espírita. Por conseguinte, depois de juntar informações de 14 anos
de observações detidas recolhidas pela fundação que ajudou a criar, Podmore
relacionou a grande maioria dos casos de poltergeist com adolescentes,
sobretudo do sexo feminino.
Schrenck-Notzing, um renomado psiquiatra e parapsicólogo
alemão, na sua pesquisa própria, fora da SPR, mais uma vez corroborou a tese da
fundação e à qual Podmore já havia chegado, a relação da juventude com o
fenômeno poltergeist. Por conseguinte, com a enumeração pela parapsicologia de
causas naturais ao fenômeno do poltergeist, temos que estes se tratam de
fenômenos parafísicos, causados por pessoas vivas, geralmente organismos
físicos jovens, e não fenômenos espíritas ou do elenco mistificado de uma
suposta demonologia.
Temos também a extensa pesquisa do metapsíquico Hereward
Carrington, cuja prolífica bibliografia recolheu, dentre outros conteúdos de
sua pesquisa ampla, 375 casos de poltergeist, que resultou no seu livro com
Nandor Fodor, outro pesquisador metapsíquico, e tal livro reuniu os mais
conhecidos casos da História, desde o de Bingen-am-Rheim, no ano de 355
(aportes de pedras, telecinesias, tiptologia e psicofonias) até 1949 (dois anos
antes da publicação do livro). E a conclusão vai pelo mesmo caminho da de
Podmore e de Schrenck-Notzing, organismos adolescentes desencadeando fenômenos
aparentemente sobrenaturais.
Os poltergeists, portanto, relatam casos que envolvem
frequentemente fenômenos físicos de diversas matizes com a proximidade de uma
pessoa adolescente, geralmente uma moça, seja esta problemática ou reprimida, e
ainda pode envolver pessoas mentalmente retardadas, por conseguinte, fruto de
uma psicologia infantil, muitas vezes retardada ou problemática.
FRAUDE – POLTERGEIST DE
ENFIELD
O chamado “Poltergeist de Enfield” é o nome dado às
reivindicações de atividade poltergeist em uma Council house em Brimsdown, Enfield,
Inglaterra, de 1977–1979. O caso envolveu duas irmãs, entre 11 e 13 anos.
Membros da SPR, como Maurice Grosse e Guy Lyon Playfair, foram crédulos e logo
atestaram a veracidade do fenômeno e sua evidência espírita, enquanto Anita
Gregory e John Beloff encontraram possíveis falsificações para impressionar a
imprensa, esta que já estava de olho nos supostos incidentes.
Por sua vez, membros do Comité para a Investigação Cética,
incluindo mágicos de palco, como Milbourne Christopher, Joe Nickell e Bob Couttie,
depois de investigarem o fenômeno, logo criticaram a postura crédula de Grosse
e Playfair. O sensacionalismo logo tomou conta do fenômeno, que virou um circo
midiático, envolvendo jornais britânicos como o Daily Mail e o Daily Mirror.
Grosse e Playfair continuavam a defender a tese de que alguns
fenômenos do poltergeist de Enfield eram verdadeiros, embora grande parte já
tivesse sido falseada ou ridicularizada. E um golpe duro veio com a confissão
das irmãs de suas travessuras aos repórteres, o que jogou Grosse e Playfair de
vez no escárnio dos céticos.
Logo dúvidas foram levantadas sobre a psicofonia, isto é,
sobre a suposta voz do poltergeist, e Anita Gregory, investigadora renomada da
SPR, logo disse que o caso estava sendo superestimado, e que havia muita
encenação por parte das irmãs para fomentar o sensacionalismo da imprensa. John
Beloff, ex-presidente da SPR, logo sugeriu que uma das irmãs estava fazendo
nada mais que ventriloquismo, e que, portanto, não havia comprovação de
atividade sobrenatural nos eventos do poltergeist de Enfield, e que, além de
não terem sido fenômenos estudados ou investigados com rigor e controle, tudo
contribuiu mais para um falseamento fácil coberto pelo sensacional e por uma
travessura de meninas inteligentes.
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : https://seculodiario.com.br/public/jornal/artigo/gurus-e-curandeiros-parte-xi
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