“um esbanjamento aflito, cheio de dor, espiritual,
transcendente”
SOBRE O POETA E SUA
POESIA
Cruz e Sousa teve um julgamento contemporâneo não muito à sua
altura, sobretudo na Academia, mas angariou dimensão crítica positiva na
geração seguinte, sinais de sua glória já aparecem neste período posterior,
como nos diz, por exemplo, da poesia de Cruz e Sousa, em comparação com outras,
Mário Pederneiras : “Tenho um devotado culto pelos sonetos magistrais de Luís
Delfino, o das Naus e da Madalena aos pés da Cruz, e tanto admiro o verso
quente e meridional de Olavo Bilac como a impressão catedralesca de Emílio de
Meneses. E por que não dizer também que me delicio com a arte estranha de Cruz
e Sousa, do Satã, do Acrobata da Dor e do Meu filho, e que nutro uma delicada
afeição pela meiga simplicidade encantadora de Cesário Verde e Macedo Papança?”.
Seguindo, Cruz e Sousa também pode ser bem situado entre os nomes de Alberto de
Oliveira, Raimundo Corrêa, Olavo Bilac, Teófilo Dias, B. Lopes, Guimarães
Passos, Artur Azevedo, Adolfo Caminha e outros.
Lembrando de um tipo de poesia que tem pendor no inefável, no
absoluto, e que tematiza o vago, o indefinido, podemos situar Cruz e Sousa como
um grande poeta, mesmo com limites em seu estro, como por exemplo no dom de
clareza clássica, que lhe faltava, tem de outro lado um esbanjamento aflito,
cheio de dor, espiritual, transcendente, de sentido trágico, na poesia e na sua
biografia, configurando a inspiração e atividade poética de um escritor
singular.
A obra literária de Cruz e Sousa não tem nem a definição de
um trabalho incompleto, falhado, nem tampouco chega ao outro extremo de ser a
maior poesia lírica produzida na literatura brasileira. Por sua vez, podemos
dizer que o satanismo de Baudelaire aparece em sua poesia combinado a uma
melancolia repleta de ceticismo, e que se mesclava também com o misticismo
mórbido de Antero do Quental, a poesia de Cruz e Sousa era de uma alma
sofredora de imprecações alucinadas, com um grito contra a opressão, com toda a
sua expressão falhada e insuficiente produzindo um clímax lírico do qual foi um
precursor.
Cruz e Sousa, diante da História subsequente da literatura
brasileira, pode ser considerado um exemplar conspícuo de uma poesia ainda
empolada, rebuscada, obscura, e da qual sobra uma fortuna crítica que sobra
pouco na posteridade, no que podemos ter desde já dez ou quinze composições
poéticas que podem garantir a sua imortalidade, como um poeta lírico por
excelência, no que o nosso poeta negro se defendia contra os golpes que lhe
desferiam com os Broquéis, e que projetava logo a seguir um clarão em meio ao
caos que lhe tomava com seus Faróis. E o poeta, como um típico simbolista,
maior representante desta corrente de poesia no Brasil, tinha o dom da
sonoridade, pois a musicalidade dominava seu estro, se descolando com mestria
do parnaso que lhe precedera, com uma poesia de formas novas e de busca da
essência transcendente numa visão amiúde evanescente, configurando uma
experiência simbólica sui generis, a do poeta que foi Cruz e Sousa, pois ele
foi este poeta que renunciou ao parnasianismo para se lançar na musicalidade
mais leve do verso simbolista.
POEMAS:
TUBERCULOSA : O poema, fina flor, nos abre o mundo
da tísica em forma musical, sonora, planando cerúlea diante do fenômeno da
doença: “Alta, a frescura da magnólia fresca,/Da cor nupcial da flor da
laranjeira,/Doces tons d`ouro de mulher tudesca/Na veludosa a flava cabeleira./Raro
perfil de mármores exatos,/Os olhos de astros vivos que flamejam,/Davam-lhe o
aspecto excêntrico dos cactos” (...) “Radiava nela a incomparável messe/Da
saúde brotando vigorosa,” (...) “Era assim luminosa e delicada,/Tão nobre
sempre de beleza e graça/Que recordava pompas de alvorada,/Sonoridades de
cristais de taça./Mas, pouco a pouco, a ideal delicadeza/Daquele corpo virginal
e fino,/Sacrário da mais límpida beleza,/Perdeu a graça e o brilho diamantino./Tísica
e branca, esbelta, frígida e alta/E fraca e magra e transparente e esguia,/Tem
agora a feição de ave pernalta,/De um pássaro alto de aparência fria.”. Temos a
abertura do poema com o estro descritivo de uma presença fêmea de angelitude,
mas que logo também se nos apresenta com a face murmurante da tísica e toda
esta interação doentia que a poesia tem com tal carma de poetas: “E faz lembrar
uma esquisita planta/De profundos pomares fabulosos/Ou a angélica imagem de uma
Santa/Dentre a auréola de nimbos religiosos./A enfermidade vai-lhe, palmo a
palmo,/Ganhando corpo, como num terreno .../E com prelúdios místicos de salmo/Cai-lhe
a vida em crepúsculo sereno./Jamais há de ela ter a cor saudável/Para que a
carne do seu corpo goze,/Que o que tinha esse corpo de inefável/Cristalizou-se
na tuberculose.”. A tuberculose, neste contexto de poesia simbolista, é uma
espécie de doença mística da poesia, a tísica é um modo ideal de enfermidade.
FLOR DO MAR : O poema marítimo navega leve no
estro simbolista de Cruz e Sousa, que nos brinda com tais versos que seguem
aqui: “És da origem do mar, vens do secreto,/Do estranho mar espumaroso e frio/Que
põe rede de sonhos ao navio” (...) “Possuis do mar o deslumbrante afeto/As
dormências nervosas e o sombrio/E torvo aspecto aterrador, bravio” (...) “Num
fundo ideal de púrpuras e rosas/Surges das águas mucilaginosas” (...) “Trazes
na carne o eflorescer das vinhas,/Auroras, virgens músicas marinhas,/Acres
aromas de algas e sargaços ...”. A riqueza imagética do poema se mescla com uma
sonoridade que nos dá poesia como música, o poema é de um estro que joga com o
som e as ondulações da expressão com pleno domínio formal do poeta Cruz e
Sousa.
MÚSICA MISTERIOSA : O poema aqui como música misteriosa
é o flerte comum da poesia simbolista com a transcendência e o mundo das
essências etéreas, no que temos: “Tenda de Estrelas níveas, refulgentes,/Que
abris a doce luz de alampadários,” (...) “Pelos raios fluídicos, diluentes/Dos
Astros, pelos trêmulos velários,/Cantam Sonhos de místicos templários,/De
ermitões e de ascetas reverentes .../Cânticos vagos, infinitos, aéreos/Fluir
parecem dos Azuis etéreos,” (...) “E vai, de Estrela a Estrela, à luz da Lua,/Na
láctea claridade que flutua,/A surdina das lágrimas subindo ...”. O poema é
sidéreo, cerúleo, tem um fluido que lhe dá a forma espectral e ao mesmo tempo
com a solidez sonora de um poeta possuído pelas suas imagens como sons de um
fundo poético que reverbera o tempo todo na superfície em que se tece o poema,
mistério em azuis etéreos, poema que entende estrelas.
POST MORTEM : O poema nos dá as chaves das formas
inefáveis, esta busca do poeta simbolista do indefinido e que do amor tem este
como enigma e música suprema, e aqui no estro de um poema post mortem: “Quando
do amor das Formas inefáveis/No teu sangue apagar-se a imensa chama,/Quando os
brilhos estranhos e variáveis/Esmorecerem nos troféus da Fama,/Quando as níveas
Estrelas invioláveis,/Doce velário que um luar derrama,/Nas clareiras azuis
ilimitáveis;/Clamarem tudo o que o teu Verso clama,/Já terás para os báratros
descido,/Nos cilícios; da Morte revestido,” (...) “Mas os teus Sonhos e Visões
e Poemas/Pelo alto ficarão de eras supremas/Nos relevos do Sol eternizados!”. O
poema tem uma coda magistral, um relevo solar que culmina como um clarão
infinito na poesia e na mística imagem da inspiração.
ACROBATA DA DOR : O poema exemplar do estro de Cruz e
Sousa é este do acrobata da dor, um poema belo não só pela forma, mas, fato
raro no simbolismo, também pelo conteúdo: “Gargalha, ri, num riso de tormenta,/Como
um palhaço, que desengonçado,/Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado/De uma
ironia e de uma dor violenta./Da gargalhada atroz, sanguinolenta,/Agita os
guizos, e convulsionado/Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado/Pelo estertor
dessa agonia lenta ...” (...) “E embora caias sobre o chão, fremente,/Afogado
em teu sangue estuoso e quente,/Ri! Coração, tristíssimo palhaço.”. A descrição
clownesca é de um humor de riso bem talhado, e a queda é a imagem clássica do
palhaço triste.
ÂNGELUS ... : O poema tem este estro de
religiosidade em forma poética e simbólica, portanto, caindo em mística, forma
comum do inefável em poesia simbolista como a de Cruz e Sousa, no que temos: “Ah!
lilases de Ângelus harmoniosos,/Neblinas vesperais, crepusculares,/Guslas
gementes, bandolins saudosos,/Plangências magoadíssimas dos ares .../Serenidades
eterais de incensos,/De salmos evangélicos, sagrados,/Saltérios, harpas dos
Azuis imensos,/Névoas de céus espiritualizados./Ângelus fluidos, de luar
dormente,/Diafaneidades e melancolias .../Silêncio vago, bíblico, pungente/De
todas as profundas liturgias./É nas horas dos Ângelus, nas horas/Do
claro-escuro emocional aéreo,/Que surges, Flor do Sol, entre as sonoras/Ondulações
e brumas do Mistério./Surges, talvez, do fundo de umas eras/De doloroso e turvo
labirinto,/Quando se esgota o vinho das Quimeras/E os venenos românticos do
absinto.”. O poema tem estes eflúvios infindos que povoam o ar ou ambiente em
que se tece este poema de ângelus, pura luz de poesia diamantada, que nos seduz
com mais versos, tais quais: “Num enlevo supremo eu sinto, absorto,/Os teus
maravilhosos e esquisitos/Tons siderais de um astro rubro e morto,/Apagado nos
brilhos infinitos./O teu perfil todo o meu ser esmalta/Numa auréola imortal de
formosuras/E parece que rútilo ressalta/De góticos missais de iluminuras.”
(...) “Nos êxtases dos místicos os braços/Abro, tentado da carnal beleza .../E
cuido ver, na bruma dos espaços,/De mãos postas, a orar, Santa Teresa! ...”. O
poema se conclui com Santa Teresa e sua direta relação com os êxtases dos
místicos.
MAJESTADE CAÍDA : O poema tem na imagem da queda a sua
inspiração: “Esse cornoide deus funambulesco/Em torno ao qual as Potestades
rugem/Lembra os trovões, que tétricos estrugem,/No riso alvar de truão
carnavalesco./De ironias o momo picaresco/Abre-lhe a boca e uns dentes de
ferrugem,/Verdes gengivas de ácida salsugem/Mostra e parece um Sátiro dantesco./Mas
ninguém nota as cóleras horríveis,/Os chascos, os sarcasmos impassíveis/Dessa
estranha e tremenda Majestade./Do torvo deus hediondo, atroz, nefando,/Senil,
que embora rindo, está chorando/Os Noivados em flor da Mocidade!”. Como um
fauno aqui descrito, o poema descreve este deus funambulesco, sátiro que dança
na flor da treva, descrição também de cóleras e sarcasmos impassíveis, o
tétrico rindo na flor da mocidade, sem mais.
POEMAS:
TUBERCULOSA
Alta, a frescura da magnólia fresca,
Da cor nupcial da flor da laranjeira,
Doces tons d`ouro de mulher tudesca
Na veludosa a flava cabeleira.
Raro perfil de mármores exatos,
Os olhos de astros vivos que flamejam,
Davam-lhe o aspecto excêntrico dos cactos
E esse alado das pombas, quando adejam ...
Radiava nela a incomparável messe
Da saúde brotando vigorosa,
Como o sol que entre névoas resplandece,
Por entre a fina pele cor-de-rosa.
Era assim luminosa e delicada,
Tão nobre sempre de beleza e graça
Que recordava pompas de alvorada,
Sonoridades de cristais de taça.
Mas, pouco a pouco, a ideal delicadeza
Daquele corpo virginal e fino,
Sacrário da mais límpida beleza,
Perdeu a graça e o brilho diamantino.
Tísica e branca, esbelta, frígida e alta
E fraca e magra e transparente e esguia,
Tem agora a feição de ave pernalta,
De um pássaro alto de aparência fria.
Mãos liriais e diáfanas, de neve,
Rosto onde um sonho aéreo e polar flutua,
Ela apresenta a fluidez, a leve
Ondulação da vaporosa lua.
Entre vidraças, como numa estufa,
No inverno glacial de vento e chuva
Que sobre as telhas tamborila e rufa,
Vejo-a, talhada em nitidez de luva ...
E faz lembrar uma esquisita planta
De profundos pomares fabulosos
Ou a angélica imagem de uma Santa
Dentre a auréola de nimbos religiosos.
A enfermidade vai-lhe, palmo a palmo,
Ganhando corpo, como num terreno ...
E com prelúdios místicos de salmo
Cai-lhe a vida em crepúsculo sereno.
Jamais há de ela ter a cor saudável
Para que a carne do seu corpo goze,
Que o que tinha esse corpo de inefável
Cristalizou-se na tuberculose.
Foge ao mundo fatal, arbusto débil,
Monja magoada dos estranhos ritos,
Ó trêmula harpa soluçante, flébil,
Ó soluçante, flébil eucaliptos ...
FLOR DO MAR
És da origem do mar, vens do secreto,
Do estranho mar espumaroso e frio
Que põe rede de sonhos ao navio
E o deixa balouçar, na vaga, inquieto.
Possuis do mar o deslumbrante afeto
As dormências nervosas e o sombrio
E torvo aspecto aterrador, bravio
Das ondas no atro e proceloso aspecto.
Num fundo ideal de púrpuras e rosas
Surges das águas mucilaginosas
Como a lua entre a névoa dos espaços ...
Trazes na carne o eflorescer das vinhas,
Auroras, virgens músicas marinhas,
Acres aromas de algas e sargaços ...
MÚSICA MISTERIOSA
Tenda de Estrelas níveas, refulgentes,
Que abris a doce luz de alampadários,
As harmonias dos Estradivárius
Erram da Lua nos clarões dormentes ...
Pelos raios fluídicos, diluentes
Dos Astros, pelos trêmulos velários,
Cantam Sonhos de místicos templários,
De ermitões e de ascetas reverentes ...
Cânticos vagos, infinitos, aéreos
Fluir parecem dos Azuis etéreos,
Dentre os nevoeiros do luar fluindo ...
E vai, de Estrela a Estrela, à luz da Lua,
Na láctea claridade que flutua,
A surdina das lágrimas subindo ...
POST MORTEM
Quando do amor das Formas inefáveis
No teu sangue apagar-se a imensa chama,
Quando os brilhos estranhos e variáveis
Esmorecerem nos troféus da Fama,
Quando as níveas Estrelas invioláveis,
Doce velário que um luar derrama,
Nas clareiras azuis ilimitáveis;
Clamarem tudo o que o teu Verso clama,
Já terás para os báratros descido,
Nos cilícios; da Morte revestido,
Pés e faces e mãos e olhos gelados ...
Mas os teus Sonhos e Visões e Poemas
Pelo alto ficarão de eras supremas
Nos relevos do Sol eternizados!
ACROBATA DA DOR
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta ...
Pedem-te bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d´aço ...
E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente,
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
ÂNGELUS ...
Ah! lilases de Ângelus harmoniosos,
Neblinas vesperais, crepusculares,
Guslas gementes, bandolins saudosos,
Plangências magoadíssimas dos ares ...
Serenidades eterais de incensos,
De salmos evangélicos, sagrados,
Saltérios, harpas dos Azuis imensos,
Névoas de céus espiritualizados.
Ângelus fluidos, de luar dormente,
Diafaneidades e melancolias ...
Silêncio vago, bíblico, pungente
De todas as profundas liturgias.
É nas horas dos Ângelus, nas horas
Do claro-escuro emocional aéreo,
Que surges, Flor do Sol, entre as sonoras
Ondulações e brumas do Mistério.
Surges, talvez, do fundo de umas eras
De doloroso e turvo labirinto,
Quando se esgota o vinho das Quimeras
E os venenos românticos do absinto.
Apareces por sonhos neblinantes
Com requintes de graça e nervosismos,
Fulgores flavos de festins flamantes,
Como a Estrela Polar dos Simbolismos.
Num enlevo supremo eu sinto, absorto,
Os teus maravilhosos e esquisitos
Tons siderais de um astro rubro e morto,
Apagado nos brilhos infinitos.
O teu perfil todo o meu ser esmalta
Numa auréola imortal de formosuras
E parece que rútilo ressalta
De góticos missais de iluminuras.
Ressalta com a dolência das Imagens,
Sem a forma vital, a forma viva,
Com os segredos da Lua nas paisagens
E a mesma palidez meditativa.
Nos êxtases dos místicos os braços
Abro, tentado da carnal beleza ...
E cuido ver, na bruma dos espaços,
De mãos postas, a orar, Santa Teresa! ...
MAJESTADE CAÍDA
Esse cornoide deus funambulesco
Em torno ao qual as Potestades rugem
Lembra os trovões, que tétricos estrugem,
No riso alvar de truão carnavalesco.
De ironias o momo picaresco
Abre-lhe a boca e uns dentes de ferrugem,
Verdes gengivas de ácida salsugem
Mostra e parece um Sátiro dantesco.
Mas ninguém nota as cóleras horríveis,
Os chascos, os sarcasmos impassíveis
Dessa estranha e tremenda Majestade.
Do torvo deus hediondo, atroz, nefando,
Senil, que embora rindo, está chorando
Os Noivados em flor da Mocidade!
Gustavo Bastos, filósofo e escritor.
Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/35284/17/cruz-e-sousa-pode-ser-considerado-um-exemplar-conspicuo-de-uma-poesia-ainda-rebuscada
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