Juro que não perco a hora,
pois têm milésimos que escapam.
O tempo brincante, deste lúdico
porvir, alimenta as minhas
antenas, busca no âmago os meus
esquemas, forma um aço puro
de correção, uma alma mais bruta
para o palco da vida.
E de três questões:
O que faço de mim?
O que faço dos outros?
O que faço do mundo?
Tenho três mil interrogações,
como um cabedal que constrói e destrói,
ao bel-prazer das platitudes.
Os asnos, fiscais de tudo,
pecam em demasia com fichas
numéricas, esquetes abobalhadas,
ficções de rodapé.
Eu, por meu turno,
digo que dos pés à cabeça,
sei de muito em poucos dias,
sei de tudo em poucas letras.
Mas, do aço ao vitral,
como uma esfera,
perco o milésimo e a hora,
sou um burro de carga
com água no joelho,
uma lhama mascando o terror,
doidivanas às turras com brumas,
levitando canções com sustos
em cartas náuticas,
devedor dos pagãos,
credor dos cristãos,
salvador dos ateus,
poeta sadio com bolhas na mão,
regente de saturno quando
estou nervoso e inquieto,
mensageiro de almas penadas,
carteiro por todas as ruas,
pesquisador de crânios,
volta e meia me dá a doida
e chego na hora.
03/07/2016 Gustavo Bastos
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