Eu esperei transigir ao fio da espada,
nua face da faca,
poesia exasperada.
O mundo obstou a natureza
na ânsia do dia.
A civilização está tonta
de embriaguez.
Não temos tempo,
diz o meu coração.
O que já foi dito e pensado
morreu de opinião.
O instante meditado
saiu pela tangente.
Não era mais noite
na poesia diurna,
não calava a madrugada
pela manhã.
Eu, que esperava tudo,
que queria o mundo
em meus olhos,
vi que nada havia
mais em meu sonho
senão sonho,
a realidade dura da desilusão
corroeu todas as paixões
de que morria o poeta.
18/03/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)
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