Muito do vinho que adormece
já está em minhas têmporas,
eu, náufrago de sangue,
ao vento que grita além do mar.
Pois de uma estrela
sabe a nau onde chegar,
e ao bálsamo vulcânico
sabe honrar a caveira
com que se cinge corsários.
Das vidas enterradas
em minha barriga,
sobra o canto maldito
de Caronte e suas almas,
eu o vi torpor e medo,
sem razão ofuscado pela
sombra do degredo,
e nada decifra a doce
tempestade do segredo.
Quando os dias se vão
em dezembro e janeiro,
quando cai a gota de orvalho
do verão dos musgos,
eu canto à minha musa
indolente em teatro pagão,
um anfiteatro da esbórnia
dos faunos sem pudor.
09/01/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)
Quem sou eu?
Há 2 semanas
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