IX – ANTIMETAFÍSICA
O que se perdeu, diante desta terra que cá vivemos,
Não é a Natureza Metafísica,
Tampouco o céu que se quer sempre.
Pois, o que ficou neste enevoado sonho,
Embriaguez e delírio de lembrança,
Não é o mundo ideal metalinguístico,
Metaqualquer extraordinário.
O que se dá, neste vão de terra frustrada,
De terra arrancada das raízes,
É o que se faz renúncia do plantio.
À rua se esquece o brilho do que é solo,
Do que é terra vivente.
Pondo-se a mortalidade a gritar sua morte,
Pondo-se o mar naufragando os corpos.
E nem de sonho, ou alma, ou silêncio,
Vivemos.
A terra de nós submersa, contida em si,
Roubada do navegante e do trovador,
Não é negada mais do que já não fosse esquecida.
E a febre sonolenta dos olhos,
Sem metáfora suficiente,
Sem dano ou discórdia,
Põe o discurso do poeta
Fora do texto, e fora do si mesmo
Tão acalentado e romântico.
Aqui, tudo é esta monotonia,
Sem coração e sem funda lágrima.
Aqui não há sinais de esperança.
As flores de então sorriem ao fim do mistério,
E ao pouco caso com a mística que lhes pertencem.
O Espírito, sonho maiúsculo, desertou
Diante do horror, diante do mundo reto e positivo.
O que se canta já não é mais melodiosas, lamuriosas,
Ansiosas, chorosas (tais canções se perderam).
E é bom que assim caia tudo.
Pois, há o positivo da reta conduta,
O positivo do mercado,
O positivo bélico,
Outrora não é mais,
Se destino e liberdade são emoções,
Se a ética é o mal de um delírio,
Temos o positivo que diz o caminho sem sonho.
Não há nada de forte e mítico,
De poder de vera força.
Daqui em tudo se perdeu a força.
(Soldado das horas triunfantes).
É que o Deus de nós todos
Se quer assim guerreiro,
E dá-se, em contrassenso,
Belezas bélicas mutiladas.
Deus-Metafísica é um sono bárbaro.
Há que ser pedra, há que ser ferro,
Há que ser o tempo-agora.
Nada de firmamento.
(A terra perdida não é a terra vendida).
__ Aqui, o tempo-agora não é o tempo-força.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
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