PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

JOHN KEATS, UM DOS EXPOENTES DO ROMANTISMO INGLÊS – PARTE III

“a excelência de toda arte está em sua intensidade”

A CONCEPÇÃO DE KEATS SOBRE A SUA POESIA
Um dos conceitos que John Keats descreve em suas cartas é o de intensidade. Em 21 de dezembro de 1817 escrevia a George e Georgiana que “a excelência de toda arte está em sua intensidade, capaz de fazer o desagradável (‘all desagreeables’) evaporar do estreito contato com Beleza e Verdade”. Algumas partes da teoria poética de Keats, além da equação beleza-verdade e do princípio da intensidade, está também o da “capacidade negativa” (negative capability), exposto em carta de 22 de dezembro de 1817: “Várias coisas se encaixam em minha mente, e de repente me ocorreu que qualidade contribuía para formar um homem realizado, especialmente em literatura, e que Shakespeare possuía tão desmesuradamente – quero dizer, a capacidade negativa, isto é, quando um homem é capaz de manter-se em incertezas, mistérios, dúvidas, sem nenhuma impaciente procura do fato e da razão. (...) Num grande poeta o senso de beleza sobrepuja qualquer outra consideração, ou antes oblitera toda consideração.”
Keats, assim, queria a sensação, e talvez o inefável, em vez da solução racional, adotada por outros poetas. E outro conceito é o de esvaziamento da personalidade para ocupar o objeto de que o poeta estiver cuidando, o que equivale, mais simplesmente, a uma postura dramática. Lê-se em carta de 27 de outubro de 1818, a Woddhouse: “Quanto à personalidade poética em si (quero dizer essa espécie à qual pertenço, se sou alguma coisa; essa espécie diversa do sublime wordsworthiano ou egotístico ...), ela não é ela própria – ela não tem eu – é tudo e é nada – não tem personalidade – aprecia a luz e a sombra – vive, seja ela má ou boa, alta ou baixa, rica ou pobre, vil ou nobre – tem deleite igual ao conceber um Iago ou uma Imogênia. O que choca o filósofo virtuoso deleita o poeta camaleão. (...) O poeta é o mais impoético de tudo o que existe, porque não tem identidade, continuamente adentra e enche outro corpo. O sol, a lua, o mar e os homens e mulheres, que são criaturas de impulso, são poéticos e têm um atributo imutável; o poeta não tem nenhum, nenhuma identidade. É certamente a mais impoética de todas as criaturas de Deus.”
Nesse mesmo ano, mas antes (em fevereiro), Keats afirmara a Taylor, em carta, que seguia três axiomas em sua poesia: “1 – achava que a poesia deveria surpreender por um fino excesso, e não pela simplicidade; deveria atingir o leitor como expressão de seus próprios e mais altos pensamentos e parecer quase uma lembrança; 2 – seus traços de beleza não deveriam ser incompletos, deixando assim o leitor sem respiração, em vez de satisfeito. O nascimento, o progresso, o ocaso das imagens deveriam, como o sol, vir-lhe naturalmente, brilhar sobre ela e pôr-se calmamente, embora com esplendor, deixando-o no fausto do crepúsculo; 3 – se a poesia não viesse naturalmente como as folhas à árvore, seria melhor não vir absolutamente.” Aqui está alguns dos conceitos nos quais Keats se orientava, não esgotando, no entanto, as possibilidades na qual realizou a sua poesia.
POEMAS:
HIPERÍON (III, 10-43): O poema, que aqui é um excerto, tem na lira do mito sua abertura: “Musa, toca a harpa délfica, piedoso, o dedo/E, vento algum do céu recusará espirar,/Como apoio, o gorjeio bom da flauta dórica;/Pois vede! É isso em honra ao pai de todo o verso.” E o poema segue, agora com os eflúvios do vinho: “Ferva na taça o vinho tinto, frio como/Um poço a borbulhar;”. E relembra, a seguir, as origens geográficas do mito de Apolo, numa relação entre sua origem e seus dons: “Ilha cardeal das Cíclades bem abrigadas,/Delos, alegra-te com as tuas oliveiras,/Choupos, palmeiras a sombrear as relvas, faias,/Onde o Zéfiro entoa o mais sonoro canto,”. E assim uma imagem de abandono emerge no poema, em que Apolo deixa Leto, sua mãe, e sua irmã gêmea, Ártemis, quando foi pelos lírios na sua perdição: “Uma vez mais ainda, Apolo é o tema de outro!/Quando o Titã do Sol permanecia fúlgido/Entre seus pares tristes, onde estava ele?/Juntas deixara Apolo sua mãe, a bela,/E a gêmea adormecidas no caramanchão,/E ao crepúsculo matinal entrara a andar/Às margens de um regato, junto dos salgueiros,/Pelos lírios do vale os passos afundando.”. E da fuga à dor é um salto que se dá, Apolo, mesmo assim, ainda tem seu arco de ouro, este que conhece a música e a harmonia, que é o símbolo da razão numa das vertentes do caminho filosófico, e que aqui se consuma em poesia, com a mitologia grega mais uma vez inspirando os poetas românticos, e aqui levando a escrita de John Keats para um ideal longínquo: “Pela ilha inteira/Refúgio não havia, nem caverna ao longe/Aonde não chegasse o murmurar das vagas,/Quase extinto, porém, nalguns recessos verdes./Ele ouviu, e chorou; as lágrimas brilhantes/Corriam devagar pelo seu arco de ouro.”
AO COMPULSAR, PELA PRIMEIRA VEZ, O HOMERO DE CHAPMAN: De uma leitura exaltada de uma tradução de Homero, John Keats produziu um poema para revelar a sua visão, poema que começa com a descrição da epopeia homérica: “Já por impérios de ouro eu muito viajara,/Diversos reinos vira – e quanto belo Estado!/Já muitas ilhas, a ocidente, eu circundara,/As quais em feudo Apolo aos bardos tinha doado./Eu já sabia que em país mais dilatado/Homero, o que pensava fundo, governara:” (...) “Cortez nem bem/O Pacífico havia divisado, além –/Seus homens a se olhar, supondo com aflição –/E ficou sem falar, num pico em Darien.”. Por entre os impérios e os diversos reinos, mais uma vez aparece Apolo, e Keats tenta apreender, nesta aventura, qual foi a visão de Homero, e que lhe dá assim qual era seu governo nestes traços míticos do poema épico, a fonte fiel da cultura grega antiga aqui ganha a versão de um poeta romântico, mais uma impressão de uma leitura do que uma aproximação de Homero, o poema aqui funciona como tanto for, assim, numa homenagem a Homero, mas que tem, de fato, sua orientação pela mitologia grega, aqui diversas vezes a inspiração dos poetas românticos.
HINO A PÃ (I, 232-306): O poema, um hino, tendo Pã como a divindade mitológica que inspira os versos, também funciona como uma descrição e uma exaltação, a verdade mítica que, na versão da poesia romântica, ganha então o sentido do próprio poema, e do estro romântico repetidas vezes, unindo o fenômeno da mitologia ao dos poetas românticos da época de Keats: “Ó tu, cujo amplo teto de palácio se ergue/Sobre rugosos troncos, a cobrir de sombra/Cicios eternos, o negror, a vida e morte/De flores invisíveis em pesada paz;” (...) “E sentas para ouvir, durante horas solenes,/A triste melodia dos caniços juntos/Em sítios desolados, onde com a umidade/A cicuta aflautada cresce a estranha altura;”. Os passos de Pã são seguidos, e o poema é este trajeto: “Ó tu, por cuja paz que abranda a alma, as rolas,/Pondo paixão na voz, arrulham entre os mirtos/Na hora em que vagueias ao cair da tarde”. E a flauta de Pã se harmoniza com a natureza, num idílio ao cair da tarde: “Ó tu, para quem correm sátiros e faunos,/Prontos para servir; quer para surpreender/A lebre que se agacha meio a dormitar;” (...) “- Por todos esses ecos em redor de ti,/Ó, escuta-nos, rei sátiro!”. E a riqueza da música ganha aqui sua descrição em versos, e o poder de Pã também é exaltado aqui: “Tu que estranho nos dás indefiníveis sons/Que vêm desfalecer no côncavo dos vales” (...) “sê a levedura/Que ao se expandir nesta massuda terra triste/Dá-lhe um etéreo toque: - um novo nascimento;/Persiste sendo um símbolo da imensidão;/Um firmamento refletido por um mar;”. O segredo da felicidade pode estar mais uma vez no mito, e aqui como Pã, o ideal da poesia romântica de Keats, assim também como de seus contemporâneos, deve ao mito grego muito de seu sentido e conteúdo, o romantismo está definitivamente inserido num resgate da Hélade antiga.
MEG MERRILLIES: De uma leitura esparsa Keats produziu mais um poema, aqui não mais uma tradução que o levou a exaltar Homero, mas de uma idealização rarefeita que veio de uma impressão própria de um romântico, a dama Meg aqui ganha todo o seu poder: “A velha Meg era cigana/E dos urzais tirava o seu sustento:/Por leito a parda grama da charneca,/A sua casa era o relento.”. Cigana Meg, que mora no relento, e segue Keats, com sua visão ideal: “Sozinha com a família numerosa,/Ela vivia folgazã.”. E a natureza entra aqui em forma poética, mais uma das descrições em versos de um personagem, temas comuns ao estro romântico, que quando não é um personagem mítico, fala de alguma figura histórica, mas sempre como um hino, um ideal, um resgate de algum valor perdido, ou ainda a homenagem que se dá bem em versos: “Toda manhã, de madressilva fresca/Sua grinalda ela fazia,/E à noite o teixo escuro lá do vale/Cantarolando ela tecia.”. E o poema finaliza com as virtudes de Meg, esta amazona valente, segundo Keats: “Como a Rainha Margaret a velha Meg/Era valente; alta qual amazona; a usar/Um velho cobertor vermelho como manto,/Um chapéu de palha ela trazia./Deus lhe dê paz aos ossos em algum lugar,/Que ela morreu faz quanto tempo, quanto!”. O poema romântico tem em Keats o mesmo sentido de seus contemporâneos: lembrar de um ideal mítico ou de uma virtude de um personagem histórico. A poesia romântica então não se trata só de uma poesia sobre o amor, mas até muito mais de revelar em poesia as potências do mito grego antigo.
POEMAS:
HIPERÍON (III, 10-43)
Musa, toca a harpa délfica, piedoso, o dedo
E, vento algum do céu recusará espirar,
Como apoio, o gorjeio bom da flauta dórica;
Pois vede! É isso em honra ao pai de todo o verso.
Faze afoguear-se tudo que tiver tom rubro;
Que a rosa, incandescendo forte, esquente a brisa,
E que as nuvens do anoitecer e da manhã
Em tosões voluptuosos pairem sobre os montes.
Ferva na taça o vinho tinto, frio como
Um poço a borbulhar; lábios sem sangue, as conchas,
Na areia ou no mar fundo, fiquem de escarlata,
Seja onde for nos labirintos seus; que a virgem
Core demais, qual se acolhesse um beijo ardente.
Ilha cardeal das Cíclades bem abrigadas,
Delos, alegra-te com as tuas oliveiras,
Choupos, palmeiras a sombrear as relvas, faias,
Onde o Zéfiro entoa o mais sonoro canto,
E o avelal, de que a sombra cobre os negros troncos:
Uma vez mais ainda, Apolo é o tema de outro!
Quando o Titã do Sol permanecia fúlgido
Entre seus pares tristes, onde estava ele?
Juntas deixara Apolo sua mãe, a bela,
E a gêmea adormecidas no caramanchão,
E ao crepúsculo matinal entrara a andar
Às margens de um regato, junto dos salgueiros,
Pelos lírios do vale os passos afundando.
Calara o rouxinol, algumas das estrelas
Tardavam pelos céus, e o tordo começara
A acalmar a garganta. Pela ilha inteira
Refúgio não havia, nem caverna ao longe
Aonde não chegasse o murmurar das vagas,
Quase extinto, porém, nalguns recessos verdes.
Ele ouviu, e chorou; as lágrimas brilhantes
Corriam devagar pelo seu arco de ouro.
(Este excerto do “Hiperíon”, que trata do primeiro passeio de Apolo, tem versos famosos.)
AO COMPULSAR, PELA PRIMEIRA VEZ, O HOMERO DE CHAPMAN
Já por impérios de ouro eu muito viajara,
Diversos reinos vira – e quanto belo Estado!
Já muitas ilhas, a ocidente, eu circundara,
As quais em feudo Apolo aos bardos tinha doado.
Eu já sabia que em país mais dilatado
Homero, o que pensava fundo, governara:
Porém seu límpido ar não tinha ainda aspirado,
Até que ouvi a voz de Chapman, brava e clara.
Como o que espreita o céu e colhe na visão
Algum novo planeta, assim fiquei então;

Ou como quando – de água o olhar – Cortez nem bem
O Pacífico havia divisado, além –
Seus homens a se olhar, supondo com aflição –
E ficou sem falar, num pico em Darien.
(Neste soneto Keats atingiu pela primeira vez expressão própria. Escreveu-o certa manhã de out. de 1816, depois de ter varado a noite com Clarke a ler trechos de Homero que o fascinaram, na tradução de Chapman. Leigh Hunt publicou-o no mesmo ano, transcrevendo-o em artigo no Examiner. Os reinos de ouro, do V.1, são o Eldorado (e também provavelmente as folhas de ouro em relevo nas capas e lombadas dos livros, diz Barnard).)

HINO A PÃ (I, 232-306)
Ó tu, cujo amplo teto de palácio se ergue
Sobre rugosos troncos, a cobrir de sombra
Cicios eternos, o negror, a vida e morte
De flores invisíveis em pesada paz;
Que adoras ver as Hamadríades comporem
O cabelo desfeito, onde o avelal sombreia;
E sentas para ouvir, durante horas solenes,
A triste melodia dos caniços juntos
Em sítios desolados, onde com a umidade
A cicuta aflautada cresce a estranha altura;
Pensando em como te sentiste contrariado
E melancólico ao perder Sirinx, a bela,
- Pela fronte de leite de tua amada,
Pelos trêmulos meandros que ela percorreu,
Ouve-nos, grande Pã!

Ó tu, por cuja paz que abranda a alma, as rolas,
Pondo paixão na voz, arrulham entre os mirtos
Na hora em que vagueias ao cair da tarde
Pelos prados de sol, que os flancos delimitam
De teus reinos brejosos: tu a quem as figueiras
De largas folhas predestinam já os frutos
Maduros; as abelhas de amarelo cinto,
Seus favos de ouro; os campos das aldeias nossas,
Favas de bela flor e trigo com papoulas;
O pintarroxo a piar, filhotes que, ora em casca,
Cantarão para ti; os morangos rastejantes,
Seu frescor estival; ninfas de borboletas,
Suas asas perfeições – acerta-te depressa,
Pelo vento que agita o pinho da montanha,
Ó divino selvagem!

Ó tu, para quem correm sátiros e faunos,
Prontos para servir; quer para surpreender
A lebre que se agacha meio a dormitar;
Ou escalando precipícios escabrosos
Para salvar da goela da águia os cordeirinhos,
Ou para pôr de novo, com atração oculta,
Os pastores perdidos no caminho certo,
Ou para andar arfante em torno ao mar de espumas,
Ou para recolher as conchas mais bizarras
E, oculto, rias quando espiarem para fora;
Ou para que te encantem fantasiosos saltos
Quando elas se entrejogam na cabeça argênteas
Glandes de roble e as pardas pinhas dos abetos
- Por todos esses ecos em redor de ti,
Ó, escuta-nos, rei sátiro!

Tu que percebes o ruído das tesouras
Se um carneiro, a balir, de quando em quando vez
Juntar-se aos já tosqueados; tu, que a trompa soas,
Se os javalis, talando os tenros cereais,
Iram o caçador; que em torno à granja tocas
Para afastar a mangra e os danos do mau tempo;
Tu que estranho nos dás indefiníveis sons
Que vêm desfalecer no côncavo dos vales
E languem tristemente nos urzais estéreis;
Temível abridor das portas misteriosas
Que levam ao saber universal – contempla,
Grande filho de Dríope,
Tantos que vieram para realizar seus votos,
Com folhas sobre a testa!

Persiste sendo o abrigo não imaginável
De solitárias reflexões, como as que brincam
Com a compreensão até os próprios confins do céu
E põem então a mente vã; sê a levedura
Que ao se expandir nesta massuda terra triste
Dá-lhe um etéreo toque: - um novo nascimento;
Persiste sendo um símbolo da imensidão;
Um firmamento refletido por um mar;
Um elemento a encher o espaço intermediário;
Um ignoto – mas chega: humildes nós velamos
A fronte, erguendo as mãos; modestos inclinando-nos
E erguendo até aos céus um grito que os lacera,
Conjuram-te a ouvir o nosso humilde peã,
Sobre o monte Liceu!
(Quando em casa de Haydon o hino foi lido a Wordsworth, declarou este que se tratava de “a pretty piece of Paganism”; Keats, afirma-o Lorde Houghton, não gostou da observação, tomando-a como depreciativa. Shelley, que não aprecia muito o Endimião, achava contudo que este excerto era “a prova mais segura da excelência final” do poeta. Na verdade, o hino não é uma simples peça pagã, pois usa a figura mitológica a modo de pretexto para uma rica visão das coisas silvestres, sendo seu claro romantismo patente, por exemplo, na última estrofe. As atividades de Pã são vistas através dos poetas elisabetanos. Escreve Douglas Bush: “O deus-capro, divindade tutelar dos pastores, tem sido há muito alegorizado em vários graus, de Cristo à ‘Natureza Universal’ (Sandys); aqui ele se torna símbolo da imaginação romântica, do conhecimento supramortal”.)

MEG MERRILLIES
I
A velha Meg era cigana
E dos urzais tirava o seu sustento:
Por leito a parda grama da charneca,
A sua casa era o relento.
II
Suas maçãs eram amoras-pretas;
As suas passas, giesta em vagem;
Seu vinho, o orvalho da alva rosa brava,
Livro, do cemitério certa lajem.
III
Por irmãos tinha os montes escarpados,
Toda árvore de lárix por irmã:
Sozinha com a família numerosa,
Ela vivia folgazã.
IV
Muitas manhãs não tinha almoço,
E ao meio-dia nem jantar;
Em vez de ceia asperamente a Lua
Ela postava-se a fitar.
V
Toda manhã, de madressilva fresca
Sua grinalda ela fazia,
E à noite o teixo escuro lá do vale
Cantarolando ela tecia.
VI
E com seus dedos velhos, pardacentos,
Esteiras de caniço ela trançava,
E aos camponeses que encontrasse
Entre os arbustos, ela as dava.
VII
Como a Rainha Margaret a velha Meg
Era valente; alta qual amazona; a usar
Um velho cobertor vermelho como manto,
Um chapéu de palha ela trazia.
Deus lhe dê paz aos ossos em algum lugar,
Que ela morreu faz quanto tempo, quanto!
(Quando de sua viagem à Escócia, Keats e Brown estiveram na cena de Guy Mannering, de Scott. Keats nunca lera o romance, mas ficou muito impressionado com o tipo de Meg Merrillies, tal como lhe descrevera Brown. “Ele pareceu de imediato intuir a criação do romancista, e, parando de repente no caminho, num ponto onde havia profusão de madressilvas, rosas bravas e digitális, misturou-se com sarça e giesta que enchiam os espaços entre as rochas fragmentadas, exclamando: “Sem sombra de dúvida, neste lugar a velha Meg ferveu frequentemente seu caldeirão.” (Lorde Houghton). Em data de 2 de julho de 1818 enviou a balada a Fanny, sua irmã, e no dia seguinte a Tom.)
(Verso 9: Rainha Margaret: lendária e santa rainha da Escócia, esposa do rei Malcolm Canmore, a qual, ida da Inglaterra, reformou a Igreja céltica.)

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário: http://seculodiario.com.br/31155/17/john-keats-um-dos-expoentes-do-romantismo-ingles-parte-3


  




Nenhum comentário:

Postar um comentário