PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

OS VELADORES DA NOITE

Nas ruas, altos labores acordam faróis,

estremecem os rouxinóis, pálido tédio,

nos seus prantos calvários.



Tremem as fábulas entre delírios,

saem furiosas as madames mesquinhas.

Em fantasia espero roupas encardidas,

hábito contumaz de agarrar mistérios.



Os silêncios eram uma vaga lembrança.

Teriam ainda ouvido as espadas mortais?

Belezas estavam distraídas pelo campo.

Nem membros e nem corações, velho fantasma

das paredes em que canto esperanças.

Os veladores da noite atravessam latejantes,

as janelas se abriam para ver suas patifarias.



Pelos lamentos desiludidos, falecia o prematuro.

Prefácio da desgraça, cantavam os brejeiros.

Permitiam ainda a confraria dos românticos,

eles queriam a febre do doente terminal.

Reinava a possessão naqueles bosques infernais.



O pântano pronunciava um dialeto rústico,

as fofoqueiras se calavam diante do ódio.

Entornei o vinho que bradava, todos tremiam

no raio rasgado do verso nublado.

Não sonhava mais, e também morria.

Mas, a noite era do divertimento, se vendiam

as joias e os amuletos.



Saúdo os triunfos retumbantes,

não teria o sentimento do amor manchado.

Perdi minhas escolhas, não é um feroz destino?

A boa loucura das cabeças rodopiantes

se faz de álcool às mais vastas liras.

No mar pedia, um pouco de riqueza idiota.

A fauna que governa o nosso tempo,

ter que ser um operário.



Querer a liberdade em vão?

Que beije a febre, não cuido

de minhas dores. Restam sombras

que preferimos negar.



O verde espinho, ao cascalho e à terra,

aqui voraz como terrível.

Pensei em volta de cores, surpresas da queda.

Arquipélagos e penínsulas, o navio que chega.

Perdoem o dom de vencer corredeiras.



Um movimento de revoluções de espírito,

os veladores da noite nunca dormem.

O cérebro cheio de minúcias.

Tão belos cantos negros, espelho do crime fecundo.

Que se desespera, pobreza que se mutila.

O olho insaciável, apetites do meu espírito.

O que revelar então? Suas notas de vida.

Em que me segurar? A fé parece mais um surto,

dos astros se faz natureza em jogos confinado.

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