PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O PASSO DOS POETAS

Meu passo segue agora

Lorca e Neruda.

A fria madrugada dos olhos

me faz a canção mais clara

de todos os ventos da vida,

como se anda entre os poetas

de uma visão sobrenatural

aos clarins e trombetas

de que se faz o sangue do poeta

em seu cadafalso.



Meu passo segue a poesia mundana

dos caracóis.

Meu passo vai ao rumo dos cantores

de timbre profundo

para que a música

que habita o poema

seja repleta de planuras

de que decerto

urge o tempo

de preguiça

e contentamento

do poeta cigano

de mãos lavadas

pela pomba branca

que um dia

pousou

em seu astrolábio,

poetas são criaturas

terrivelmente belas

e delirantes.



11/09/2010 Gustavo Bastos

DO SURGIMENTO DA AURORA

Da noite surge a aurora ao claro dia.

Sete vezes eu perdoei

a minha praia do mar

de sangue,

oceano aquático

de morte e grito,

solene como o hino

das sombras vizinhas

da cólera,

armadas de sonhos áureos

que sempre bordam

a vestimenta do guerreiro.



Aurora parida da luz que surge,

as viagens do meu espírito

quando se levanta o véu de Maia

são os delírios prontos ao abismo

em que morre o poeta

no seu ancoradouro,

doura de ouro

a prata senil

de suas canções,

e a brava cotovia

sai ao vento

como um lume desesperado

que vive no poema.



11/09/2010 Gustavo Bastos

O SENTIMENTO DA LIBERDADE

Sentimos a morte e a vida

como uma ânsia de ser o que se é,

devoramento e fuga

para o caminho sem saída,

uma noite para o folguedo

das rosas malditas,

o trono do rei decapitado

pelas loucas suicidas.



Sentimos a vida e a morte

como um grito de dor e prazer

de frente aos símbolos,

uma transcendência da alma

me toma os poros,

e a indecência da carne

me toma a vista.



Sentimos o horror e a beleza

como o anúncio

da morte da vida

num súbito

devaneio

que acaba

na esbórnia

dos impetuosos

campos

de céu e inferno.



A vida é como a morte,

e o prazer de ser o que se é

nos dá liberdade para a loucura.



11/09/2010 Gustavo Bastos