PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

SATORI NA JAULA

Buscava os segredos da vida,
o universo se comporta
de maneira plural
e controversa.

Monges sabáticos honram
as túnicas das venerandas
razões de tumulto,
a multidão serve ao castelo
da razão fundamental,
a obra dos monges
é a cidadela do sol.

Vejo extáticos de toda estirpe
no campo que volteia vultos
sempre eternos de um coração
louco por semeaduras.

O gênio que se conserva
na alameda é o caminho
da natureza na flor
renascente pelos odores
que a compõem.

Eu estava preso,
a liberdade foi o meu
holocausto,
sacrifiquei dez novilhos
com fumaça tóxica
de esferas metafísicas
que sumiam no sono.

De repente eu vi
a deusa da lua
na couraça de um touro
nas estrelas.

De noite eu senti
a fumaça tóxica
tomar o meu coração
de medo.

A liberdade gritava
numa iluminação
que de súbito
se expandiu
em minha mente
como um oásis
de compaixão búdica
pelas misérias humanas.

A sabedoria da vida
é uma taça cheia de vinho.
Os segredos da existência
não são segredos,
é só olhar o sol
para entender
que a prisão
é ilusória.

O poema escrito está escrito,
e o que se vê em tudo
é que é um mistério.

18/11/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

EXTEMPORÂNEO

Fazendo jus aos nomes
que caem na lama,
impropérios digitais
e demais mazelas
são longevas e a saúde
se cobra deste ritmo indelével.

A História se funda
no poema-relógio
que marca o tempo
dos acontecimentos.

Os fenômenos inenarráveis
germinam na insanidade
 destes dias estranhos.

A nuvem passa e chove
sobre a cabeça vazia
dos contemporâneos.

Extemporâneo afogamento
de certezas é o caldo filosofal
que demanda anarquia
de álcool e gritos.

O suplício das máquinas
seviciadas de óleo
são os motores
civilizatórios
da carne putrefata
que olhava a escuridão.

18/11/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

AUGÚRIO INTEMPESTIVO

Não é a morte que me assusta,
minha questão mortal é o tempo.
Ando em rodas eternas,
dentes da contenda
na dor dos ares e fuzis,
canto loas ao enforcado,
dizimo uma raça na canção
do desdouro.

O relógio ataca a superfície,
a psiquê desperta no subterrâneo.
As mulheres se enganam
quanto aos poetas,
espelhos de lisonjas
são arabescos apaixonados
de um reles recitador
de sevícias da carne.

O sacrifício no alto da montanha
é o sangue do corpo imolado
de uma virgem na tempestade.
O olho da revolução
é um horizonte de relva rubra
nos sonhos de um bêbado loquaz
com suas desditas
de um delírio tropical.

Todo poema urge uma patifaria,
toda dor esconde uma falsa alegria,
somos todos palhaços
de uma hora que se foi.

18/11/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)