PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 27 de setembro de 2023

MEIO AMBIENTE - PARTE II

“vemos a transformação de órgãos e ministérios em feudos de partidos”

A pressão política sobre o governo Lula, com forças em disputa, acabou por levar a uma medida provisória que esvaziou o Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, liderado por Marina Silva (Rede), e o Ministério dos Povos Indígenas, liderado por Sonia Guajajara (PSOL). 

O deputado federal Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) apresentou o relatório da Medida Provisória da Reestruturação dos Ministérios (MP 1154/23) à Comissão Mista que analisou a matéria. E as mudanças do texto original acabaram por levar a algumas das principais mudanças que esvaziam as atribuições do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e do Ministério dos Povos Indígenas (MPI). 

As disputas na Câmara e no Senado consomem toda a configuração de quadros do governo, em uma luta entre preservar um projeto pensado pelo grupo que se elegeu, e os interesses extemporâneos de grupos como o do chamado Centrão, que barbariza e subjuga pautas para compor maiorias de persuasão e trocas pragmáticas visando ocupar cada vez mais os espaços institucionais do governo e do Estado.

O governo tentou preservar a Casa Civil, de Rui Costa (PT), e assim entregou alguns anéis, cedendo aos ruralistas com a medida provisória que retirou o CAR (Cadastro Ambiental Rural) do Ministério do Meio Ambiente e colocando sob a pasta da Gestão. Outra mudança foi a transferência da ANA (Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico) do Meio Ambiente para o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional. 

Por fim, o Ministério da Justiça de Flávio Dino ficou com a demarcação das terras indígenas, o que tirou a atribuição que estava no Ministério dos Povos Indígenas. Por sua vez, a Funai segue com a atribuição de fazer os estudos antropológicos para identificar e determinar a área que os povos originários têm direito.

O CAR (Cadastro Ambiental Rural) ficou no Ministério da Agricultura durante o governo Jair Bolsonaro e voltou ao Meio Ambiente no governo Lula. Este é o principal instrumento de catalogação de propriedades rurais e de fiscalização de crimes ambientais cometidos pelos proprietários de terras, e que agora saiu do Meio Ambiente e foi para a Gestão. 

O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), por exemplo, uitiliza o CAR no cruzamento de registros do cadastro com outros sistemas para identificar e realizar operações contra proprietários de terras que estejam fazendo desmatamento ilegal ou venda de carne de gado em situação irregular. A ANA, por sua vez, regulamenta instituições de saneamento, além de fazer a gestão das políticas hídricas e do acesso à água.

No governo Jair Bolsonaro, o Ministério do Meio Ambiente, comandado por Ricardo Salles, perdeu o Serviço Florestal, o CAR e a ANA. Com os dois primeiros indo à Agricultura e a ANA indo para o Desenvolvimento Regional. Com o começo do governo Lula, uma medida provisória devolveu estes três órgãos ao Meio Ambiente e ainda criou o Ministério dos Povos Indígenas, que ficou com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas).  

Na verdade, as emendas pretendiam retornar o CAR à Agricultura, a ANA para o Desenvolvimento Regional e a Funai para a Justiça, com a extinção do Ministério dos Povos Indígenas. Por conseguinte, Lula acabou tendo que ceder quase tudo, com algumas mudanças e a salvaguarda do Ministério dos Povos Indígenas, que não foi extinto. 

E para “coroar” a desidratação das pastas ambientais do governo, em seguida a Câmara aprovou a urgência do Marco Temporal e o projeto de lei da anistia ao desmatamento, apensando um jabuti para afrouxar a Lei da Mata Atlântica.

A redução de danos agora é a busca de articulações que possam mediar os interesses originais do governo no meio ambiente, independentemente das mudanças de órgãos entre as pastas, que provocou prejuízo nas pastas ambientais, e ainda atuar por normas internas ao Executivo, como a publicação de portarias.

Por pressões políticas fisiológicas, e o velho clientelismo, vemos a transformação de órgãos e ministérios em feudos de partidos que mais parecem sindicatos de políticos que acabaram por ganhar a queda de braço com o Executivo. 

O desenho ministerial do governo, por exemplo, teve uma parte descaracterizada para acomodar apaniguados de caciques e quetais. Com tudo como antes, o cenário é mais uma vez tomado por manobras do Centrão que subjugam a pauta e aumentam a sensação de ranço diante de uma política viciada e enviesada que prevalece na paisagem brasileira.

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Blog : http://poesiaeconhecimento.blogspot.com 


segunda-feira, 25 de setembro de 2023

DESENHOS

Recorte uma foto, uma figura,

um desenho, cole no papel,

e assim pinte de pilot

em volta a apresentação.


Este poema colagem,

feito por uma criança,

fala bobagem,

pergunta coisas

insólitas,

brinca.


Assim, o desenho

ficou bem colorido,

parabéns.


Tome um toddy,

assim se evita

o tédio.


25/09/2023 Gustavo Bastos 


FLOR INTENSA

Flor intensa, na vibe mais intensa,

com a cor vibra e vive,

natural este poema

de flora e fino da bossa.


Quem a tudo reza a cartilha

da feliz senda, e assim a realiza.


25/09/2023 Gustavo Bastos


ELA

Ela está com a vida ativa,

está feliz e saudável,

ela gosta da vida para 

a vida gostar dela.


Ela vive ao ar livre,

gosta do vento e do sol.

Ela vai e volta e gosta de suar,

tem tempo para tudo,

e não dá mole na hora

marcada.


E quem dá a letra do respeito

é quem aqui escreve.

Sem chance novamente

para os que ficaram 

na janela, a vida vai,

o tempo foi.


Ela sabe o que quer

e não dá passo em falso.

Eu assinei embaixo,

em letras certas,

neste poema e na 

vida.


E nem adianta chorar,

que ela tá na área

e é espetacular.


25/09/2023 Gustavo Bastos


SOBRE O VAZIO

Nada trará de volta o que mudou

na estação, e o que os bons ventos

transformaram.


No pântano estavam as crianças tolas,

ainda cultivando a vã esperança mágica,

levando dias folgados e dispersos,

a espreitar pela janela

uma abertura, e se deparando

de cara com o fecho.


Não existe apreço pela simulação,

de uma malta que tentou 

camuflar a própria desídia,

e a abominação que consumiu

este tempo perdido

de almas vazias.


25/09/2023 Gustavo Bastos 


DIÁRIOS DE UMA PSEUDO-REVOLUÇÃO

Diógenes labuta no vazio,

está sujo e não se apega,

odeia homenagem,

rejeita presentes.

 

Uma escola depois

tentou reproduzir

este tipo de vida.

Uma matilha de doidões

patéticos, que imitavam

cachorro, e diziam que eram

cachorro.

 

Adivinha que em um belo dia

iriam tirar pulgas e sarnas

destes patetas cachorros,

deturpando o cinismo,

e o cão voraz que era Diógenes.

 

Pois não havia mais barril

e nem desafios à pólis,

apenas idiotas

que agora gemiam

com os carrapatos

de bichos imaginários.

 

Os médicos diziam

que era fragmentação,

disforia etc.

 

Guess what?

Chegou a carrocinha

e esta começou a jogar uma mangueira

de chorume em cima destes loucos,

rápido ficaram com os dois pés,

e correram em carreira,

de volta para a casa dos pais.

Assim terminou a saga destes

revolucionários.

 

25/09/2023 Gustavo Bastos 


PERÍMETRO URBANO

Mary ceifou os abalos jovens

da meninice inocente,

na garganta das cataratas

uma bolsa e seu batom,

sua adaga e sua rotina.

Saía na noite com seu contravenção,

um desses colecionadores

de armas.

 

Bom, Mary shines estava

com as galáxias em êxtase,

dando tiros para o céu

com uma semiautomática,

perto estava um dândi, que bebia

Martini, e ria desbragadamente.

 

A noite era suja,

o balcão do bar estava

imundo, e depois do bilhar

uma cachorrada entrou

e mijou perto dos

caça-níqueis.

 

Ao final do filme,

passaram dois mascarados

de moto, o contravenção

tomou trinta tiros,

Mary pegou tudo

o que sobrou,

de manhã contava

dinheiro e vantagem,

deu um carro para Johnny,

um tal boyzinho

que agora era o mala

da zona, vendendo

diversão.

 

Mas, acabou,

os caranguejos

invadiram e levaram

tudo, tudo. O roubo

e os cofres explodidos.

Tudo destruído.

E a molecada ixperta

que ficou com

cara de cu.

 

25/09/2023 Gustavo Bastos


O POEMA DA ASTÚCIA

Vem cá, no trote das horas a decisão

é um corte seco em tua lamúria.

Brota da chuva a lida revelada do templo,

a reza estronda o que na brisa quebranta.

 

Diziam que o garoto não sobreviveria,

teria uma sina imposta, e seu peito

regurgitava diante da hipocrisia.

 

Sim, era uma condenação à morte,

uma maldição feita e urdida,

um desastre de sua genética

hostil e parva.

 

Veja agora, quando o cenário desabou,

o que restou daquelas fábulas,

canções esboroadas, mofadas,

de uma fábrica e indústria

embrutecida e infeliz.

 

Restaram apenas

portas empenadas,

caminhos inutilizados,

anelos abomináveis

que morreram

na circunstância.

 

Eis uma derrota retumbante

que o alvo mirou

com ódio,

o tal garoto idiota.

Voilá!

 

Qual o corvo,

que bicou seu inimigo

até a morte,

sem este lembrar

do acontecido.

 

25/09/2023 Gustavo Bastos


O ELOGIO DO RISO

As absurdas canções do tempo,

ah, este vinco profundo na face,

que é o temporal do luto.

 

Verte um rio, um mar,

o coração que chorava.

Diante o porvir e seu enigma,

o medo e a esperança.

 

Se porventura a felicidade

tenha tempo de brilhar,

qual o sol na manhã

bela da alvorada,

a vindima será voraz.

 

Pois, na longitude da sensação,

o pensamento, dotado de razão,

traça com a latitude da emoção,

uma linha de tratados simétricos,

da sensatez à plenitude das escolhas,

pois o riso final é de quem viveu.

 

25/09/2023 Gustavo Bastos