PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O LUGAR DOS POETAS

Onde estão os poetas?
Os que fazem da dor
uma peça de harmonia,
poetas do sofrimento,
poetas das sombras,
o que lhes vêm com tão
exata medida?

Não digam que são castelos,
 a miragem do torpor
em que se digladiam
os poetas é areia
do infinito
em forma de
versos.

Vacilante, o peito cai ao coração
bravo de emoção,
e o perdão um dia ignorado
nasce e renasce
de ódio e amor
num clarão escarlate
de sonho e unção.

Os poetas estão na luz
que emana do céu
em que vive o mundo
perfeito
de vinho
eterno e tinto.

A poesia, mal amada,
tão amada,
maltratada,
disputada,
morre no afã
do poema
e vive na mais
profunda
imersão
de trovas,
marchas,
mar absoluto
em que o diamante
brilha
depois
da tempestade.

Onde estão os poetas?
Pergunte aos boêmios,
eles estão nos versos
e na noite que vira pó
de estrelas
em uma estrofe
de rimas sonoras
ou liberdade plena.

Os poetas estão nos
solilóquios
da infinita busca
no clamor da vida.

17/08/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)

A VIDA

Eu sempre quis este espasmo de vida
em minha couraça de danação,
eu pergunto o que é a vida
e ela me responde
que nada sabe
e tudo fica para
além do horizonte.

O que é a vida, meu bom leitor?
Ando atrás dos sonhos desta vida
como num redemoinho do apocalipse,
saio ao encontro da vida na rua
que fala muito das noites de boêmia.

Faço da vida o meu teatro funcional
e a pedra angular
é toda a escultura
da dor e da paixão,
a vida é um saber torto
que se interrompe sem previsão.

Aniquilamento é o inverso
da moeda que se faz
a vida,
a vida é urgente,
a vida é calor e frio,
o tempo que com ela corre
é o tempo que vai e vem
sem mais dizer que a vida
é um plano incompleto
que vaga no nada da questão.

16/08/2011 Delírios
(Gustavo Bastos)