PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

A METAMORFOSE : DAVID BOWIE

“Ele fez Blackstar para nós, é o seu presente final”

O conhecido músico de veia teatral, também ator de cinema, também foi intitulado o camaleão do rock. David Bowie que tem o nome original David Jones, mas tal nome poderia ser confundido por um seu quase homônimo da banda de fachada Monkees, o que levou o cantor a assumir Bowie no nome, do pioneiro norte-americano, famoso por uma proeza com faca, e a primeira metamorfose, portanto, se deu com seu nome artístico, David Bowie.
Major Tom consegue a atenção do mundo com Space Oddity, mas é em Ziggy Stardust que a estrela de Bowie vai brilhar com mais intensidade, isto depois de ter passado por experimentações de grande quilate como os álbuns The Man Who Sold the World, de 1970, e Hunky Dory, de 1971. Mas é com o andrógino e alienígena Ziggy Stardust que Bowie mergulha na nascente do glam rock, que talvez tenha começado a explodir com Marc Bolan em sua banda T-Rex, com o álbum Electric Warrior de 1971.
O alter ego é um sucesso, e leva Bowie a ter crises de identidade, a encarnar a persona de tal forma que esta foi objeto de uma ruptura radical, mas antes temos o estrondoso sucesso do álbum The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars, no sucesso da música Starman. A combinação de sua veia teatral com sua música se faz então de forma plena com Ziggy Stardust, aquele que vinha de outro mundo para salvar a Terra, mas que se depara com o rock.
A ideia para Ziggy Stardust vem tanto de um cantor de psychobilly de Lubbock, Texas, chamado The Legendary Stardust Cowboy, como também de Vince Taylor, cantor de rock do início da década de 1960, este que depois pirou com alucinógenos dizendo ser um mensageiro de Cristo. “Encontrei com ele algumas vezes em meados dos anos 60”, disse Bowie. “Não estava nada bem da cabeça.” Outros também tiveram influência nesta invenção de Bowie, como o pioneiro do rock Gene Vincent, além das influências mais conhecidas de Lou Reed, do The Velvet Underground, e seu amigo Iggy Pop, figura sui generis que veio da banda de proto-punk The Stooges.
As suas apresentações como Ziggy se devem também a seus estudos de teatro no início da carreira na mímica que aprendeu com Lindsay Kemp, e ao fim do trajeto com o afamado alienígena andrógino temos um apanhado geral dos álbuns Ziggy Stardust e do Aladdin Sane, até sua aposentadoria abrupta no famoso show em que Ziggy Stardust dá adeus aos palcos e a banda é demitida ali mesmo, este que é o show no Hammersmith Odeon, Londres, em 3 de julho de 1973.
No fim do show, antes do bis com “Rock ’n’ Roll Suicide”, Bowie falou para o público: “Este não é apenas o último show da turnê, mas também o último que faremos. Tchau. Amamos vocês”. Ziggy Stardust ainda teria presença forte, no entanto, em álbuns como Aladdin Sane e Diamond Dogs, sendo este um descolamento gradual que só se daria plenamente a partir do álbum Young Americans de 1975.
E é no aclamado álbum Station to Station de 1976 que nos aparece uma nova persona inventada por David Bowie, que será a figura de Thin White Duke, imagem na qual vai se misturar os interesses de Bowie naquele momento, que serão misticismo, Cabala e Nazismo, em meio a uma rotina paranoide de uma dieta com cocaína, pimentão e leite, mas que é, no entanto, uma fase criativa de Bowie que terá muita propriedade em sua obra, que vem da fase mais funk e soul do Young Americans, e que em Station to Station vai ter contato com o krautrock, e que já apontava para a Trilogia de Berlim.
Trilogia que terá no primeiro álbum Low, de 1977, já uma janela que vem do Autobahn do Kraftwerk e que abrirá caminho para bandas do pós-punk como o Joy Division, por exemplo.  A Trilogia de Berlim que contará com o apoio da produção do ex-tecladista do Roxy Music, Brian Eno, e o álbum Low que dará seguimento também a Heroes e Lodger. Trilogia que envolve álbuns muito mais introspectivos do que sua face roqueira mais conhecida até então com Ziggy e a fase folk do começo, trilogia que trará um minimalismo principalmente em Low e Heroes.
Falando então da Trilogia de Berlim, em 1976, por sua vez, Bowie terá seu interesse pela cena musical da Alemanha despertada e isto, junto com o seu vício em drogas, o levará, enfim, a se mudar para a Berlim Ocidental, para uma retomada criativa do seu trabalho musical. E então, junto com a produção de Brian Eno, temos a composição de músicas minimalistas e ambientais, com Low sob a influência do krautrock do Kraftwerk e do Neu!, num tipo de música abstrata e quase sem letras.
Heroes, por sua vez, seguindo a trilha minimalista de Low, inovou ainda com elementos pop e rock, na tensão de uma Alemanha dividida pelo Muro de Berlim, e que tem no último álbum da Trilogia, o Lodger, um distanciamento da música ambiente e minimalista dos dois primeiros álbuns, indo abraçar uma temática mais ligada às origens de guitarra rock e do pop da carreira anterior de Bowie, de um lado, numa mistura bem intensa de World Music com New Wave, de outro lado.
David Bowie também é bem lembrado na sua aparição e na trilha sonora do conhecido filme alemão Christiane F., uma história baseada em fatos reais sobre uma adolescente viciada em heroína na década de 1970, ou seja, um filme lançado em 1981 de conteúdo biográfico que envolve a dependência de heroína de uma jovem na Berlim ocidental, em que Bowie aparece como ele mesmo num show no filme. Trilha sonora do filme que tem tanto o Station to Station como algumas canções da Trilogia de Berlim.
Blackstar, por fim, lançado em 8 de janeiro de 2016, no aniversário de 69 anos de Bowie, era o canto do cisne do músico, pois o produtor Tony Visconti logo revelou que a morte de Bowie dois dias depois do lançamento de Blackstar, em 10 de janeiro, que aquilo era um plano de Bowie e um presente de despedida para seus fãs antes de morrer de câncer no fígado.
E a figura de Lazarus é emblemática nesse sentido, pois o músico tinha sido diagnosticado com a doença dezoito meses antes, mas optou por não anunciar seu estado de saúde para o público, e Lazarus seria uma inversão de uma ressurreição para fora do mundo, uma espécie de renascimento, mas para outra vida. Aqui a figura bíblica ganha carga dramática sui generis de uma morte que parece extremamente cuidadosa, somente após o lançamento de seu último som em vida, Blackstar, uma viagem cronometrada que é denodo e respeito profundo a seu público.
Por sua vez, Tony Visconti, produtor musical de Bowie, disse: “Ele sempre fez o que quis. E ele queria fazer as coisas do jeito dele, e da melhor maneira possível. Sua morte não foi diferente de sua vida - uma obra de Arte. Ele fez Blackstar para nós, é o seu presente final.”


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :  http://seculodiario.com.br/36023/14/a-metamorfose-david-bowie





terça-feira, 3 de outubro de 2017

HAMILTON NOGUEIRA – DOSTOIÉVSKI – PARTE IV

“as verdades fundamentais dadas pelo escritor se dá através de suas personagens mais simples”

DOSTOIÉVSKI E A TRAGÉDIA DO HOMEM

O drama existencial em seu sentido universal é uma das linhas constantes do romance dostoievskiano, e que é muito bem representada pela tragédia interior de Dimitri Karamazov, este que é um exemplar do que seria esta tragédia em toda a humanidade, uma vez que o íntimo do ser aqui fica igual para todos, o sofrimento é uma das coisas da vida que mais nos torna semelhantes e irmãos numa mesma senda universal.  
A iniquidade é um dos temas que Dostoiévski aborda com a presença sensual de Dimitri, este que é um personagem que passa por todas as tentações e comete um cabedal amplo de pecados, e que ainda assim, no fundo do abismo de uma existência decaída, ainda entrevê uma centelha de uma verdade divina e suprema. E no que se refere ao romance Os Irmãos Karamazov, quando citamos Ivan, Dimitri e Aliocha Karamazov, segundo Hamilton Nogueira, estes “podem ser considerados como símbolos das mais fortes tendências do ser humano. Eles representam mesmo, segundo alguns críticos, três fases diferentes da vida de Dostoiévski.”
Ivan é a personagem que faz uma rebelião contra a divindade e o plano da criação por simplesmente ser incapaz de tanto entender como encarar com galhardia o sofrimento, ele é um ser que se nutrirá da revolta, do orgulho, enquanto Dimitri, por sua vez, será a personagem dominada pela concupiscência, e Aliocha, por fim, será uma espécie muito especial e iluminada de alma renunciante, na linha de contato com a plenitude espiritual, e que com este caráter luminoso consegue dominar os seres de seu meio.
Portanto, Aliocha e Ivan são personagens mais definidos e constantes no seu caráter geral, Aliocha na bondade, e Ivan na rebelião, o que não ocorre no caso de Dimitri, personagem que oscila muito mais, e que, portanto, tem um trânsito existencial mais intenso e mais rico em situações, o tornando mais humano que as outras duas personagens.
Nas contradições das personagens dostoievskianas temos a revelação de um aspecto psicológico profundo em que se fundamenta a visão de uma dualidade, de um confronto ou conflito entre tendências angelicais e demoníacas, e que juntas e equilibradas na própria tensão explosiva formam o que chamamos de humano, esta oscilação entre extremos que é nada mais que a riqueza plena e intensa de personagens complexas e nada previsíveis.
O lado da miséria como objeto de humilhação é muitas vezes o retrato deste peso existencial que o escritor Dostoiévski transmite de seu âmago e de sua vida espiritual para as suas criações literárias. Aqui a luta se dá entre almas de renúncia e de busca de iluminação com o mais intenso espírito de rebelião irrestrita e deliberada, numa espécie de catarse e introspecção demonizada, tendo como resultado fatal o mais profundo desespero, tornando a descrição psíquica dostoievskiana um dos marcos da literatura universal, muito bem exemplificada na tempestade interior da personagem central de A Voz Subterrânea.  
Como nos diz Hamilton Nogueira : “A Voz Subterrânea é o único livro de Dostoiévski onde se nota a ausência de Deus. O seu personagem sente-se aniquilado em face da visão da própria iniquidade, e a consciência desse aniquilamento desperta-lhe a volúpia do caos.” Tal personagem nos dá a dimensão da grande ingenuidade dos reformadores e renovadores do mundo, pois a iniquidade seria uma força muito mais poderosa do que qualquer utopia de um mundo perfeito ou de transformação espiritual viável.
O que tal personagem subterrâneo nos diz é que este conhece bem a energia decaída e destruidora que vive nele e que também está presente em diversos lugares e estágios da existência neste nosso mundo terreno, e que, portanto, qualquer apelo ao interesse geral no sentido de transformação radical das tendências do mundo seria inútil. O espírito revolucionário seria, na verdade, um esforço anódino que Dostoiévski denunciaria indiretamente, apontando para uma pretensa moral científica de soluções simplistas, uma vez que Dostoiévski põe a nu toda a pretensão dos ideais socialistas no sentido de que estes ignoram completamente a complexidade explosiva e passional da psicologia humana, humanidade intratável e fora dos escaninhos de qualquer utopia social ou soteriológica.  
Contudo, a presença das verdades eternas na obra dostoievskiana é muito forte, intensa e constante, fonte de questões fundamentais e de uma potência existencial tanto esclarecedora como pondo dúvidas incontornáveis nos diversos trajetos que são traçados.  A divindade, no entanto, ressoa absurdamente no romance de Dostoiévski, e toda esta luminosidade sempre está inserida no plano limite de situações trágicas e de desesperos cortantes.
O tipo de despertar evangélico que se dá muitas vezes no romance dostoievskiano vem deste confronto com o sono da indiferença que precede tal iluminação, e o imperativo do amor sempre aparece na trama dostoievskiana, como bem nos lembra Kierkegaard, que pode ser exemplificada nas recomendações do staretz Zózimo aos monges da sua comunidade e de modo especial ao seu discípulo Aliocha.
Como nos diz Hamilton Nogueira, a respeito da personagem de Zózimo : “sua experiência religiosa se traduz em ousada e constante tentativa de conduzir quantos o cercam à conquista do mais puro espírito cristão.” E segue Hamilton na sua análise, nos dizendo de Aliocha, por sua vez : “O seu amor está dentro dos quadros do mais sublime amor cristão. É o resultado de uma vitória sobre si mesmo. É a afirmação de um espírito que se libertou completamente de todo o individualismo, de qualquer julgamento de caráter pessoal, para ser testemunho d`Aquele que é.”
Diante da iniquidade humana, o homem Dostoiévski não sucumbiu, sua perdição e rebelião foram temporárias, pois os sofrimentos dele não o levam a imprecar e amaldiçoar a sorte, não foram fonte de um tipo de revolta juvenil de lamúria por existir ou de chantagem contra a divindade, pois Ivan Karamazov, esta alma em rebelião geral e permanente, representa apenas uma fase da vida atribulada de Dostoiévski.
E, por sua vez, este autor se torna de fato universal, quando não apenas retrata e verifica a humilhação do homem diante de um mundo de dor e de situações absurdas, mas a partir de Recordações da Casa dos Mortos, dá uma visão ampla e profunda do sentido do mal, em seu aspecto transcendental, envolvendo as suas diversas e complexas faces.  
E o sentido da culpa, em Dostoiévski, por sua vez, passa de seu caráter falsamente individual para uma ideia universal de culpa muito bem exemplificada na ideia de pecado original, e temos, portanto, como nos diz Hamilton Nogueira, que : “é precisamente na aceitação da culpa universal que está a essência do pensamento dostoievskiano, pensamento que se transforma em ação, que enfrenta os mistérios mais profundos dos nossos destinos, e da contemplação deles traz alguma luz, traz uma solução, aponta-nos um itinerário.”
E uma das características mais curiosas da obra dostoievskiana é a de que as verdades fundamentais dadas pelo escritor se dá através de suas personagens mais simples, e não das mais cultas, que podem ser tipos como os santos ou os camponeses, e no extremo de tudo podem ser ainda os loucos, os ignorantes e por fim os pecadores.
Por conseguinte, temos o louco Kirilov, este como a personagem que se abrasa em face da figura sublime de Cristo, Marmeladov, bêbado, que se vê como distante e indigno do reino dos Céus, sendo este que, no entanto, passa a pregar a caridade, o staretz Zózimo, uma espécie de homem santo, nos dando a visão do sentido místico do universo, e Makário Ivanovitch, o camponês, por fim, como homem do povo, expondo com belos pensamentos a importância e a força real da oração.
Por fim, como nos diz Hamilton Nogueira : “Em Dostoiévski, como autêntico cristão, o sofrimento não é apenas uma resultante do pecado original, mas da culpa de todos. É somente assumindo essa culpabilidade total e lançando no coração dos homens as sementes do amor, que poderemos conquistar a nossa morada na cidade santa.”

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário : http://seculodiario.com.br/35980/17/dostoievski-e-a-tragedia-do-homem




segunda-feira, 2 de outubro de 2017

LIRA DOS VINTE ANOS, ÁLVARES DE AZEVEDO – PARTE III

“nova face poética que antecipa o moderno com toques de humor coloquial”

Um dos aspectos da poesia de Álvares de Azevedo, que muitas vezes se vê ocultada pela face poética mais emocional do estro romântico deste poeta e de todos de sua geração, é a comicidade que muitas vezes aparece em sua poesia. Tal é o coloquialismo que também tem seu lugar neste âmbito do humor na poesia de Álvares de Azevedo, com poemas muitas vezes irreverentes, num realismo que será umas das partes mais importantes e avançadas da obra do poeta, talvez apontando para além daquele contexto romântico no sentido estrito que reinava nos corações e no temperamento literário em geral de sua época.
Confrontava-se o poeta então com um tipo novo de poesia ainda ignorada nos salões e na boêmia, na aceitação pública que logo mais se entregaria às afetações e excessos da poesia parnasiana e passaria ao largo do surto místico da poesia simbolista. Mas este tom coloquial e irônico já tem um certo lugar entre os poetas, tais como eram o próprio Álvares de Azevedo, e que figurava ainda no estro de Bernardo Guimarães, José Bonifácio de Andrada e Silva, e Aureliano Lessa, por exemplo.
Isso era parte de uma sensibilidade renovada, num movimento amplo da poesia abrindo uma nova frente no campo sentimental e invariavelmente derramado da poesia de caráter romântico como era de entendimento geral naquela época e atualmente quando tematizamos estas gerações do século XIX. Pois, partindo do caráter mais sentimental da poesia romântica comumente entendida, temos esta nova face poética que antecipa o moderno com toques de humor coloquial, de um temperamento já bem presente na boêmia dos bon-vivants da noite de poesia, dos poetas bêbedos que vagavam e flanavam naquele século tão mítico dos poetas byronianos.
Pois, entre os poetas românticos, como era Álvares de Azevedo, temos esta luminosidade do humor coloquial meio que dando um tom de leveza desconhecido pelo gênio comum do apelo romântico, que era muitas vezes dramático e carregado, sentimental e por vezes trágico. Pois havia um clima geral de um coração dorido que tinha neste novo aspecto realista e irônico, no entanto, um escape ao estro sisudo do amor romântico, este que na poesia era derramado em versos geralmente grandiloquentes.
No que, levantada a forma usual das gerações românticas, sobretudo esta segunda de que fez parte o poeta Álvares de Azevedo, temos que foi se tornando o excesso sentimental de muitos desses poetas uma espécie de caricatura que muitos fazem destas gerações românticas que viveram no século XIX. Contudo, como dito, não era sempre assim, pois houve um salto no moderno que viria neste tipo mais leve e cotidiano de poesia que já era praticada por poetas como Álvares de Azevedo.
E dos três poetas citados junto com Álvares de Azevedo, o mais importante com certeza foi Bernardo Guimarães, com Aureliano Lessa sendo lembrado como um poeta de alguns poemas cômicos e fesceninos, não deixando, portanto, apenas ao poeta Álvares de Azevedo esses voos pelo humor, ironia e comicidade, características que faziam um ótimo contraponto ao drama sentimental que era o clichê desta segunda geração romântica.

POEMAS :

TARDE DE VERÃO : O poema abre bucólico e praiano, numa tarde aprazível, no que temos : “Como cheirosa e doce a tarde expira!/De amor e luz inunda a praia bela :/E o sol já roxo e trêmulo desdobra/Um íris furta-cor na fronte dela./Deixai que eu morra só! enquanto o fogo/Da última febre dentro em mim vacila,/Não venham ilusões chamar-me à vida,/De saudades banhar a hora tranquila!”. O amor dorido logo se espanta e o poema entra na espiral decadente em que o poeta se debate em amor perdido e nostalgia, no que segue : “Se ela estivesse aqui! no vale agora” (...) “Uni-la ao peito meu – nos lábios dela/Respirar uma vez, cobrando alento;” (...) “Fulgura a minha amante entre meus sonhos,/Como a estrela do mar nas águas brilha;”. O plano sentimental se abre em fogo-fátuo, todas as sensações se veem aprisionadas neste estro romântico e obsidiado que na queda se vê com o desejo ardente em vão : “Vem! a areia do mar cobri de flores,/Perfumei de jasmins teu doce leito;/Podes suave, ó noiva do poeta,/Suspirosa dormir sobre meu peito!/Não tardes, minha vida! no crepúsculo/Ave da noite me acompanha a lira .../É um canto de amor ... Meu Deus! que sonhos!/Era ainda ilusão – era mentira!”. E a queda se consuma, o desejo é um ar rarefeito que cai na mentira e na ilusão ideal que se perde como um ar vazio, fundo em que a alma flutua sem ponto de chegada, o desamparo reina absoluto, a mentira é a coda do poema.

SAUDADES : O poema vem com o frescor da mocidade, o poeta e seus vinte anos, mas é uma luta inglória que se delineia, o poeta terá vida breve, o temperamento romântico aqui é um flerte fatal, a morte está rente, acompanha o estro como uma grande sombra que se insinua como a coda suprema, o poema cheio de viço que se emudece e tem no sonho de ventura apenas uma doce ilusão da forma, o refúgio é a poesia, e o passado sempre parece aqui mais luminoso, mas agora se tem um abismo de dor, como o verso diz, no que o poema segue : “Foi por ti que num sonho de ventura/A flor da mocidade consumi,/E às primaveras digo adeus tão cedo/E na idade do amor envelheci!/Vinte anos! derramei-os gota a gota/Num abismo de dor e esquecimento .../De fogosas visões nutri meu peito .../Vinte anos! ... não vivi um só momento!/Contudo no passado uma esperança/Tanto amor e ventura prometia,/E uma virgem tão doce, tão divina/Nos sonhos junto a mim adormecia! .../Quando eu lia com ela – e no romance/Suspirava melhor ardente nota,/E Jocelyn sonhava com Laurence/Ou Werther se morria por Carlota,/Eu sentia a tremer, e a transluzir-lhe/Nos olhos negros a alma inocentinha,/E uma furtiva lágrima rolando/Da face dela umedecer a minha!”. Um amor suicida como o de Werther, este tipo amante delicado que sucumbe com paixonite e tons tétricos e sinistros de poeta que chora e morre, a juventude febril envelhece com o coração ressequido, sobra a poesia como uma espécie de canto do cisne, Álvares de Azevedo já antevendo a sua curta biografia e breve poesia juvenil, no que o poema segue : “Foi esse o amor primeiro – requeimou-me/As artérias febris de juventude,” (...) “A ti ergueram meus doridos versos,/Reflexos sem calor de um sol intenso :” (...) “Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,/Tantas noites de febre e d`esperança!/Mas hoje o coração desbota, esfria,/E do peito no túmulo descansa!/Pálida sombra dos amores santos,/Passa, quando eu morrer, no meu jazigo :/Ajoelha-te ao luar e canta um pouco,/E lá na morte eu sonharei contigo!”. A morte aqui enfim encerra o estro como o terreno do sonho, o canto de amor está ao lado da finitude, da brevidade que foi a vida física do poeta romântico, tanta ventura fica como sinônimo de ilusão no poema aqui retratado.

HINOS DO PROFETA : UM CANTO DO SÉCULO : O poema vem com sonhos de ventura, a ilusão do poeta Álvares de Azevedo, o sumo de que a poesia romântica gosta de se iludir e viver nesta ficção suprema dos sentidos, e que só é luzidia na poesia, que é meio que o caminho seguro em que a ilusão da vida pode ser liberada com uma certa beleza e forma estética, no que temos : “Debalde nos meus sonhos de ventura/Tento alentar minha esperança morta/E volto-me ao porvir;/A minha alma só canta a sepultura,” (...) “As minhas veias inda ardentes correm,/E na febre da vida agonizando/Eu me sinto morrer!/Tenho febre – meu cérebro transborda .../Eu morrerei mancebo, inda sonhando/Da esperança o fulgor!/Oh! cantemos ainda! a última corda/Inda palpita ... morrerei cantando/O meu hino de amor!/Meu sonho foi a glória dos valentes,/De um nome de guerreiro a eternidade/Nos hinos seculares :/Foi nas praças, de sangue ainda quentes,/Desdobrar o pendão da liberdade/Nas frontes populares!/Meu amor foi a verde laranjeira,/Cheia de sombra, à noite abrindo as flores/Melhor que ao meio-dia;”. As notas citadas são um misto de sonho guerreiro e canto sublime anunciando a morte, o poeta agoniza, mas no turbilhão destas sensações-limite, faz poesia, no que segue : “Meu amor foi o sol que madrugava,/O canto matinal dos passarinhos/E a rosa predileta .../Fui um louco, meu Deus! quando tentava/Descorado e febril manchar nos vinhos/Meus louros de poeta!/Meu amor foi o sonho dos poetas/- O belo – o gênio – de um porvir liberto/A sagrada utopia.”. O amor supremo é a grande utopia, a poesia é o meio deste sonho perfeito que se esvai na vida e se consuma como poema, no que temos : “Eu vaguei pela vida sem conforto,/Esperei minha amante noite e dia/E o ideal não veio .../Farto de vida, breve serei morto .../Nem poderei ao menos na agonia/Descansar-lhe no seio!” (...) “Meu Deus! ninguém me amou!/Vivi na solidão – odeio o mundo,”. O amor aqui vira uma imprecação, o poeta se debate num tipo de agonia de vazio, todo seu sentimento foi desperdiçado, só se aproveita aqui a sua poesia, que é o meio mais uma vez em que a ilusão é uma perfeição que é cheia e repleta de viço diante de um mundo humano oco, sem corações e prazeres, no que temos : “Que liras estaladas no bordel!/E que poetas que perdeu o mundo/Em Bocage e Marlowe!/Morrer! ali na sombra – na taverna” (...) “Ó meus amigos, deve ser terrível/Sobre as tábuas imundas, inda ebrioso,/Na solidão morrer!/Sentir as sombras dessa noite horrível/Surgirem dentre o leito pavoroso .../Sem um Deus para crer!/Sentir que a alma, desbotado lírio,/Dum mundo ignoto vagará chorando/Na treva mais escura ...”. A boêmia e o confronto com a presença divina se dão aqui num súbito, e a terrível morte, e a vida ébria, e o lírio que retrata a alma desbotada, o poeta está sucumbindo, este aqui está em ruínas, e o poema conclama, num esforço brutal, como um grito de agonia, no que segue : “Perdoa-lhes, meu Deus! o sol da vida/Nas artérias inflama o sangue em lava/E o cérebro varia ...” (...) “São tristes deste século os destinos!” (...) “Fora belo talvez, em pé, de novo/Como Byron surgir” (...) “Fora belo talvez sentir no crânio/A alma de Goethe, e resumir na fibra/Milton, Homero e Dante/_ Sonhar-se num delírio momentâneo,/A alma da criação e o som que vibra/A terra palpitante!/Mas ah! o viajor nos cemitérios/Nessas nuas caveiras não escuta/Vossas almas errantes ...”. Os poetas supremos são evocados, em vão, a morte sonha e delira com o coração do poeta que sabe que os destinos deste seu século são vácuos numa poesia que faz luta inglória contra o inferno do sentimento e do excesso que reina no mundo, com a boêmia sendo apenas um último rincão da ilusória e falsa plenitude, e o poeta que está entre o sublime da poesia e o abjeto da vida carnal e mortal, no que segue : “Eu, pobre sonhador – eu, terra inculta/Onde não fecundou-se uma semente,/Convosco dormirei :” (...) “Ó morte! a que mistério me destinas?” (...) “Meu Deus! antes, meu Deus! que uma outra vida,/Com teu braço eternal meu ser esmaga/E minha alma aniquila :/A estrela de verão no céu perdida/Também às vezes seu alento apaga/Numa noite tranquila! ...”. A alma aqui se encerra na noite mais profunda, o poema sucumbe com o poeta e seus sentidos em desordem e habitante do mundo da dor.

POEMAS :

TARDE DE VERÃO

Como cheirosa e doce a tarde expira!
De amor e luz inunda a praia bela :
E o sol já roxo e trêmulo desdobra
Um íris furta-cor na fronte dela.

Deixai que eu morra só! enquanto o fogo
Da última febre dentro em mim vacila,
Não venham ilusões chamar-me à vida,
De saudades banhar a hora tranquila!

Meu Deus! que eu morra em paz! Não me coroem
De flores infecundas a agonia!
Oh! não doure o sonhar do moribundo
Lisonjeiro pincel da fantasia!

Exaurido de dor e d `esperança
Posso aqui respirar mais livremente,
Sentir ao vento dilatar-se a vida,
Como a flor da lagoa transparente!

Se ela estivesse aqui! no vale agora
Cai doce a brisa morna desmaiando :
Nos murmúrios do mar fora tão doce
Da tarde no palor viver amando!

Uni-la ao peito meu – nos lábios dela
Respirar uma vez, cobrando alento;
À divina visão de seus amores
Acordar o meu peito inda um momento!

Fulgura a minha amante entre meus sonhos,
Como a estrela do mar nas águas brilha;
Bebe à noite o favônio em seus cabelos
Aroma mais suave que a baunilha.

Se ela estivesse aqui! jamais tão doce
O crepúsculo o céu embelecera,
E a tarde de verão fora mais bela
Brilhando sobre a sua primavera!

Da lânguida pupila de seus olhos
Num olhar a desdém entorna amores,
Como à brisa vernal na relva mole
O pessegueiro em flor derrama flores.

Árvore florescente desta vida,
Que amor, beleza, e mocidade encantam,
Derrama no meu seio as tuas flores
Onde as aves do céu à noite cantam!

Vem! a areia do mar cobri de flores,
Perfumei de jasmins teu doce leito;
Podes suave, ó noiva do poeta,
Suspirosa dormir sobre meu peito!

Não tardes, minha vida! no crepúsculo
Ave da noite me acompanha a lira ...
É um canto de amor ... Meu Deus! que sonhos!
Era ainda ilusão – era mentira!

SAUDADES

Foi por ti que num sonho de ventura
A flor da mocidade consumi,
E às primaveras digo adeus tão cedo
E na idade do amor envelheci!

Vinte anos! derramei-os gota a gota
Num abismo de dor e esquecimento ...
De fogosas visões nutri meu peito ...
Vinte anos! ... não vivi um só momento!

Contudo no passado uma esperança
Tanto amor e ventura prometia,
E uma virgem tão doce, tão divina
Nos sonhos junto a mim adormecia! ...

Quando eu lia com ela – e no romance
Suspirava melhor ardente nota,
E Jocelyn sonhava com Laurence
Ou Werther se morria por Carlota,

Eu sentia a tremer, e a transluzir-lhe
Nos olhos negros a alma inocentinha,
E uma furtiva lágrima rolando
Da face dela umedecer a minha!

E quantas vezes o luar tardio
Não viu nossos amores inocentes?
Não embalou-se da morena virgem
No suspirar, nos cânticos ardentes?

E quantas vezes não dormi sonhando
Eterno amor, eternas as venturas ...
E que o céu ia abrir-se, e entre os anjos
Eu ia me acordar em noites puras!

Foi esse o amor primeiro – requeimou-me
As artérias febris de juventude,
Acordou-me dos sonhos da existência
Na harmonia primeira do alaúde!

Meu Deus! e quantas eu amei! ... Contudo
Das noites voluptuosas da existência
Só restam-me saudades dessas horas
Que iluminou tua alma d ´inocência!

Foram três noites só ... três noites belas
De lua e de verão, no val saudoso ...
Que eu pensava existir ... sentindo o peito
Sobre teu coração morrer de gozo!

E por três noites padeci três anos,
Na vida cheia de saudade infinda ...
Três anos de sofrer – e espero ainda!

A ti ergueram meus doridos versos,
Reflexos sem calor de um sol intenso :
Votei-os à imagem dos amores
P`ra velá-la nos sonhos como incenso!

Eu sonhei tanto amor, tantas venturas,
Tantas noites de febre e d`esperança!
Mas hoje o coração desbota, esfria,
E do peito no túmulo descansa!

Pálida sombra dos amores santos,
Passa, quando eu morrer, no meu jazigo :
Ajoelha-te ao luar e canta um pouco,
E lá na morte eu sonharei contigo!

HINOS DO PROFETA

UM CANTO DO SÉCULO

Debalde nos meus sonhos de ventura
Tento alentar minha esperança morta
E volto-me ao porvir;
A minha alma só canta a sepultura,
E nem última ilusão beija e conforta
Meu suarento dormir ...

Debalde! que exauriu-me o desalento :
A flor que aos lábios meus um anjo dera
Mirrou na solidão ...
Do meu inverno pelo céu nevoento
Não se levantará nem primavera
Nem raio de verão!

Invejo as flores que murchando morrem,
E as aves que desmaiam-se cantando
E expiram sem sofrer ...
As minhas veias inda ardentes correm,
E na febre da vida agonizando
Eu me sinto morrer!

Tenho febre – meu cérebro transborda ...
Eu morrerei mancebo, inda sonhando
Da esperança o fulgor!
Oh! cantemos ainda! a última corda
Inda palpita ... morrerei cantando
O meu hino de amor!

Meu sonho foi a glória dos valentes,
De um nome de guerreiro a eternidade
Nos hinos seculares :
Foi nas praças, de sangue ainda quentes,
Desdobrar o pendão da liberdade
Nas frontes populares!

Meu amor foi a verde laranjeira,
Cheia de sombra, à noite abrindo as flores
Melhor que ao meio-dia;
A várzea longa – a lua forasteira
Que pálida como eu, sonhando amores,
De névoa se cobria.

Meu amor foi o sol que madrugava,
O canto matinal dos passarinhos
E a rosa predileta ...
Fui um louco, meu Deus! quando tentava
Descorado e febril manchar nos vinhos
Meus louros de poeta!

Meu amor foi o sonho dos poetas
- O belo – o gênio – de um porvir liberto
A sagrada utopia.
E à noite pranteei como os profetas,
Dei lágrimas de sangue no deserto
Dos povos à agonia!

Meu amor! ... foi a mãe que me alentava,
Que viveu e esperou por minha vida
E pranteia por mim ...
E a sombra solitária que eu sonhava
Lânguida como vibração perdida
De roto bandolim ...

E agora o único amor ... o amor eterno
Que no fundo do peito aqui murmura
E acende os sonhos meus,
Que lança algum luar no meu inverno,
Que minha vida no penar apura,
É o amor de meu Deus!

É só no eflúvio desse amor imenso
Que a alma derrama as emoções cativas
Em suspiros sem dor :
E no vapor do consagrado incenso
Que as sombras da esperança redivivas
Nos beijam o palor!

Eu vaguei pela vida sem conforto,
Esperei minha amante noite e dia
E o ideal não veio ...
Farto de vida, breve serei morto ...
Nem poderei ao menos na agonia
Descansar-lhe no seio!

Passei como Don Juan entre as donzelas,
Suspirei as canções mais doloridas
E ninguém me escutou ...
Oh! nunca à virgem flor das faces belas
Sorvi o mel, nas longas despedidas ...
Meu Deus! ninguém me amou!

Vivi na solidão – odeio o mundo,
E no orgulho embucei meu rosto pálido
Como um astro nublado ...
Ri-me da vida – lupanar imundo
Onde se volve o libertino esquálido
Na treva ... profanado!

Quantos hei visto desbotarem frios,
Manchados de embriaguez da orgia em meio
Nas infâmias do vício!
E quantos morrerão inda sombrios
Sem remorso dos negros devaneios ...
Sentindo o precipício!

Quanta alma pura, e virgem menestrel
Que adormeceu no tremedal sem fundo,
No lodo se manchou!
Que liras estaladas no bordel!
E que poetas que perdeu o mundo
Em Bocage e Marlowe!

Morrer! ali na sombra – na taverna
A alma que em si continha um canto aéreo
No peito solitário!
Sublime como a nota obscura, eterna,
Que o bronze vibra em noites de mistério
No escuro campanário!

Ó meus amigos, deve ser terrível
Sobre as tábuas imundas, inda ebrioso,
Na solidão morrer!
Sentir as sombras dessa noite horrível
Surgirem dentre o leito pavoroso ...
Sem um Deus para crer!

Sentir que a alma, desbotado lírio,
Dum mundo ignoto vagará chorando
Na treva mais escura ...
E o cadáver sem lágrima, sem círio,
Na calçada da rua, desbotando,
Não terá sepultura!

Perdoa-lhes, meu Deus! o sol da vida
Nas artérias inflama o sangue em lava
E o cérebro varia ...
O século na vaga enfurecida
Mergulha a geração que se acordava ...
E nuta de agonia!

São tristes deste século os destinos!
Seiva mortal as flores que despontam
Infecta em seu abrir –
E o cadafalso e a voz dos Girondinos
Não falam mais na glória e não apontam
A aurora do porvir!

Fora belo talvez, em pé, de novo
Como Byron surgir – ou na tormenta
O homem de Waterloo :
Com sua ideia iluminar um povo,
Como o trovão da nuvem que rebenta
E o raio derramou!

Fora belo talvez sentir no crânio
A alma de Goethe, e resumir na fibra
Milton, Homero e Dante
_ Sonhar-se num delírio momentâneo,
A alma da criação e o som que vibra
A terra palpitante!

Mas ah! o viajor nos cemitérios
Nessas nuas caveiras não escuta
Vossas almas errantes ...
Do estandarte medonho nos impérios
A morte, leviana prostituta,
Não distingue os amantes!

Eu, pobre sonhador – eu, terra inculta
Onde não fecundou-se uma semente,
Convosco dormirei :
E dentre nós a multidão estulta
Não vos distinguirá a fronte ardente
Do crânio que animei ...

Ó morte! a que mistério me destinas?
Esse átomo de luz que inda me alenta,
Quando o corpo morrer,
Voltará amanhã aziagas sinas
Na terra numa face macilenta
Esperar e sofrer?

Meu Deus! antes, meu Deus! que uma outra vida,
Com teu braço eternal meu ser esmaga
E minha alma aniquila :
A estrela de verão no céu perdida
Também às vezes seu alento apaga
Numa noite tranquila! ...

Gustavo Bastos, filósofo e escritor.

Link da Século Diário :  http://seculodiario.com.br/35973/17/nova-face-poetica-de-alvares-de-azevedo-antecipa-o-moderno-com-toques-de-humor-coloquial