PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

DIATRIBE



Seu momento veste negro, tal efeito mórbido que me desejava. Atacar a obra maldita dos encarnados, decretar a fúria do karma de ser Homem. O teatro que me permeia é o canto dramático dos salteadores, uma repentina reunião de marginais, entre as multidões possuídas pelo demônio do trabalho. É muito natural jogar a mocidade na arena, que brigas mais memoráveis! Santo é declarado o poeta-abismo. Sempre antro de desonras, em seu féretro cor de sangue. Profeta do extraordinário, o verso Amor inunda a morte.

O vinho poderia trazer Baco ou a prece dos que dançam pelas ruas, certamente uma revolta. Nas garras do fel estou entre a dor e a paixão. Me vence o traidor que se matou, uma filosofia sem tamanho tomará os espíritos, estupros coletivos. Era um bruto que se dizia fiel ao que é virtuoso, e que mentia na febre de um cínico depravado.

Estou em luta, diatribe que rasga o tempo, que dizer dos filhos desgarrados? Terão uma noite bem longa até aceitarem a luz. Não obedeço aos que se calam, sou mesmo alma sem rumo, procurando cinzas de inimigos. Pelos flancos em que as vagas caíam, uma sonata prometia dons eternos. Estava então o pedinte nas cortesias de mãos apressadas, um ódio em sua fisionomia, trazia o peso do amargor.

O público quer ver a polêmica, quem provoca os ânimos. Vamos ver uma catedral em que os anjos dormem. Mas quem me feriu de morte? O silêncio da hipocrisia fala em moralismo, vou mostrar o que é fatal. Um destino universal de gritos e demência. Que diziam os vultos? Eles eram o oráculo que me viram possuído pelo Mal, um maldoso ser de escárnio num túmulo grosseiro.

Eram muitos os que mentiam, logo os parasitas se multiplicaram, não aguento tal miséria. Os fantasmas sumiram de vez, me sinto liberto das maldições que me rogaram. Um criminoso se fartou até se ver morto. Logo a loucura tirou a sua máscara e atirou.

Breve memória dos sonhadores que vivem vanglórias, eram pássaros sem asas e que voavam mesmo assim. Flores em tua vida, ó piedade! Vou lembrar do teu socorro. Que dizer? Quero os rituais de feitiço, sou um bruxo soturno. Em tais sangrias se faziam os homens e hoje o sacrifício é de poetas bêbados! Em coração tão puro não pode haver injustiça, o sábio que me guiava me disse: “Não caminhe como um humilde, seja o mestre da tua vida.” Não guardava em mim tal ímpeto, o que me dominava era o inferno delirante, via os carrascos com suas línguas profanas.

O beijo da volúpia me tomava, estava desgraçado. Quando o inverno chegou, começou o frio da pele morta, navegavam os zumbis do meu sono acordado, era um vulto. Me digam? Serei o Fausto? Minhas magias ainda não me livraram do dilema, ser a Eternidade ou o nada. Ser o pêndulo que leva aos confins dos antepassados. Bem nas fronteiras do que é real e delírio, onde se fez a oferta. Minha alma vira um cálice, meu sangue continua vivo. Se afastaram os rumores, a sorte mostrou os caminhos, ser então um verso trágico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário