PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 11 de maio de 2012

ALÉM DO VÉU DE ÍSIS

Seu trono luzidio, de longe
ele reluz,
de longe,
bem de longe,
sombras e penumbras
saem da vala negra,
o impropério do opróbrio
digladia-se com a alma
de Lótus,
ferve a Espanha,
ferve Portugal,
ancorados ao mar
em suas últimas
navegações.

Quem, de mim amiúde,
fará referências sutis
ao poeta que reluz?
Pois sombras e penumbras
também reluzem?
Luzidio o farol está feito.
Está feito, sem defeito,
o rarefeito poeta.

Como antigamente,
não seria o sino do mar
um refúgio
do sol que refulge?
Não seria?

Como antigamente,
um vinho soturno
e uma mulher de ancas
firmes, muito firmes.
Ela pousou e recitou
um poema para as flores.
Ali descansavam as pétalas.
Ali nasciam rosa desvendada,
gerânios filosóficos,
orquídeas sonhadoras
e tulipas radiantes.

Safira, com vestimenta reluzente,
também reluz.
Luzidio o metro sem medida,
afável o sonho vertical
de cânticos da névoa.
Areia fofa, areia branca,
a pétala da pedra filosofal
refundava o mundo
com as luzes fundamentais,
o termo essência
se mostrava além
do véu de Ísis,
sentimentos sedimentavam
o caminho das levitações.

Como andava o poeta
em sua miragem?
Não as vi, as miragens
de um dínamo celeste.
Resistia aos encantos,
fazia dos jogos de luz e sombra
o efeito relaxante da penumbra.
Não sabia de cor nenhum
de meus poemas,
e me orgulhava disso.
Os trechos transitavam livres
no parque de diversões
do meu pensamento,
e eu também era livre
de todos os sofrimentos.

A queda da cachoeira
no rio do esquecimento
fundou o segredo virulento
de uma verdade
que nunca foi dita,
mas sentida
no coração
que tudo viu.

Os poemas continuam
caminhando,
noite sem fronteiras,
vestes rotineiras
de um poeta
com suas
amendoeiras.
O silêncio sorri,
e tudo é fundamental.

Desde o cajado dos
Sete Sábios,
ao vigor apátrida
dos sem lugares,
meu lugar
é o universo,
e meu trabalho é
descobrir os enigmas,
passear no perípatos
da razão,
e gritar louco
nas gerações inumeráveis
de poetas dionisíacos.

A caveira da alma
é o osso que faz ritmo
nas vísceras
do verso.
Todo o resto se joga fora,
e ficamos com o corpo vivo
do poeta,
já era hora!

11/05/2012 A Lírica do Caos
(Gustavo Bastos)

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