PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

sexta-feira, 19 de abril de 2024

POESIA ABRASIVA

De todo o tempo 

geológico, do Carbono 14

se mede as camadas 

da rocha, em que

um bicho metamórfico, 

cravejado de um diamante 

ainda bruto, parece 

vindo de um conto

de Lovecraft.


O chamado metamorfose 

de Cthulu, dos seres 

pré-cambrianos, ainda 

metaphytas, vem com 

algas que dão choques 

e uma gangue de cnidários 

celenterados para queimar 

a certeza, nestes mares 

absurdos da palavra, 

mais rocha que pedra, 

rachada de ouriço, 

em que flutua

a estrela-do-mar.


Vem como uma pedrada, 

poema impassível,

magmático, sedimentar,

de uma experiência neolítica,

com o vil metal surgido

do cru e do cozido.


Um poema que é rito, 

tribal, tatuado,

guerreiro nômade,

em que cada verso,

com o sangue pagão,

brotou da rosa

sua mística harmonia

na luz do mundo.


19/04/2024 Gustavo Bastos 

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