PEDRA FILOSOFAL

"Em vez de pensar que cada dia que passa é menos um dia na sua vida, pense que foi mais um dia vivido." (Gustavo Bastos)

quarta-feira, 17 de abril de 2024

STEPHEN BANNON E O NEOFASCISMO (PARTE 1)

“um bombardeio digital/ideológico, com métodos de prevaricação midiática”


A aceleração do fascismo global, que pode ser chamado de neofascismo, tem, como um dos principais agitadores, a figura de Stephen Bannon. Ele, que surgiu com a promessa de realizar, nos Estados Unidos, o expurgo dos democratas, e que atua como um parasita na política norte-americana e global, buscando hospedeiros, e atuando sobretudo através de técnicas de lavagem cerebral e de manipulação ideológica.

Pessoas que se apresentavam como politicamente conservadoras, por sua vez, com a influência de Bannon, se radicalizaram, e isso depois das consequências do episódio da Cambridge Analytica, que funcionou como um preâmbulo da expansão dos tentáculos de Stephen Bannon na política mundial.

Nesta expansão do poder de Stephen Bannon tivemos também a contribuição da Breitbart, e tudo sendo usado para afastar o conservadorismo da democracia liberal e gerando novos adeptos de um neofascismo global disruptivo, num totalitarismo que foi sendo aceito via a cooptação das mentes, estas que começaram a perder a confiança na democracia e nos seus valores.

Stephen Bannon atuou como presidente executivo da Breitbart, vice-presidente da operação eleitoral de mineração de dados Cambridge Analytica e como CEO e estrategista-chefe da campanha de Trump. Por seu turno, Bannon foi financiado por dinheiro do mercado negro, atuando para unir partidos amigos de Putin, por exemplo, em toda Europa.

Putin foi figura-chave para Bannon exercer a sua tática de aceleração do fascismo global, numa cruzada contra o cosmopolitismo, e que muitos passaram a usar a expressão “globalismo”. Isto é, o que se vê com esta ascensão neofascista global é a crise de uma geopolítica que se pretendia bem resolvida no auge da globalização dos anos 1990. Contudo, a História não se encerra em platôs de tranquilidade, pois sempre é sacudida, periodicamente, por novos agentes, para o bem e para o mal.

Bannon, nesta atuação na Rússia, conheceu o estrategista político russo Alexander Dugin em 2018, um ideólogo que concebeu a chamada Quarta Teoria Política, que é uma gororoba pretensamente híbrida que tenta convencer sobre um esquerdismo de sinal trocado, com um resgate do stalinismo nacionalista soviético, isso misturado com ideologias de extrema-direita, juntando nazismo esotérico, perenialismo, tradicionalismo, nova direita da Europa etc.

O Duginismo é o que na Antiguidade pós-clássica da Filosofia se chamava de Ecletismo, só que aqui com agentes duplos para a confusão mental, de sinalizações fakes à esquerda, e que no Brasil gera verdadeiros frankensteins, como o PCO, que girou o diapasão da extrema esquerda e parou no outro lado da circunferência com teses delirantes afeitas à extrema direita.

A opinião pública, na sua representação de quarto estado, via jornalismo e os meios de comunicação, também sofreu o assédio de forças ligadas a Bannon, do fascismo global, e de toda esta influência ideológica desses novos atores sociais radicalizados e destruidores dos valores democráticos. 

O fracasso do quarto estado se dá quando as empresas multinacionais começam a comprar os jornais e os meios de comunicação e se instaura a chamada Grande Guerra da Informação, em que o parasitismo mental de Bannon domina outros espíritos (mentes) via um bombardeio digital/ideológico, com métodos de prevaricação midiática. 

Podemos destacar, nestes casos de prevaricação, o episódio como quando sete repórteres do Washington Post escreveram uma reportagem sobre Stephen Bannon em que não se mencionou seu papel na Cambridge Analytica. Este domínio econômico sobre a opinião pública, na sua representação jornalística e midiática, é o meio principal deste novo poder do neofascismo, de sua reprodução, e que é a versão prática da Grande Guerra da Informação do mundo contemporâneo.

Stephen Bannon incomodou os promotores de Nova York, embolsou um milhão de dólares depois de ter, supostamente, enganado fãs de Donald Trump, se achando especial e tomando por menos o Congresso dos Estados Unidos, e acabou, finalmente, sendo acusado de fraude. 

Em 2020, por sua vez, Stephen Bannon foi preso por fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Também foi, há pouco tempo, considerado culpado por desacato ao Congresso americano. Sendo condenado a quatro meses de prisão, recebeu indulto presidencial de Trump, o que levantou as suspeitas sobre uma arrecadação de fundos do muro na fronteira.

No julgamento marcado para maio de 2024, Stephen Bannon pode ser condenado por ter fraudado apoiadores de Trump, escondendo a fraude com faturas falsas, o que pode gerar uma condenação de até 15 anos de prisão. 

As acusações também passam por lavagem de dinheiro, conspiração e esquema de fraude, contravenção que envolve esta conspiração para realizar fraude. Portanto, os indultos presidenciais não foram suficientes para barrar e esclarecer as acusações estaduais, nos Estados Unidos. Somente diante das acusações federais originais, já tivemos a condenação de um colega de Bannon a quatro anos de prisão, por desvio de US$350 mil da campanha presidencial de Trump.

Stephen Bannon pode ser comparado a uma espécie de Rasputin, na relação com Trump, na referência a líderes corruptos que precisam de figuras também corruptas por perto e os auxiliando. Estas figuras místicas, como Rasputin, ou na versão contemporânea, de Stephen Bannon, como um agitador digital, também um tipo prestidigitador, só que mais moderno, funciona para líderes como Trump como um meio de alavancagem e de cobertor de segurança.


(continua)


Gustavo Bastos, filósofo e escritor.


Link da Século Diário :

https://www.seculodiario.com.br/colunas/stephen-bannon-e-o-neofascimo-parte-1

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